A Câmara Municipal de Natal realizou nesta sexta-feira (1) uma audiência pública para discutir a violência contra os agentes de segurança pública do estado. Proposto pela vereadora Camila Araújo (União Brasil), o encontro reuniu entidades representativas de diferentes categorias da área que apontaram as dificuldades que enfrentam na execução das funções.
“Realizamos essa audiência para discutir possíveis causas e soluções para esse problema, que não é de hoje. As estatísticas são crescentes no nosso estado, especialmente na região metropolitana. Somente neste ano foram quatro policiais militares mortos na zona Oeste de Natal”, disse a vereadora.
De acordo com o Tenente coronel Eudes Valério, comandante do 9° batalhão da Polícia Militar, na região Oeste de Natal são apreendidas cerca de 150 armas por ano e efetivadas mais de 400 prisões. Para ele, o fato das prisões serem facilmente convertidas em liberdade pela justiça também agrava a violência contra os policiais. “Apesar de todo o trabalho que temos na área, com as prisões em flagrante, sabemos que muitas vezes eles retornam às ruas. O que precisamos é chamar a atenção para que as leis sejam cumpridas e que se for contra os agentes de segurança, a execução penal seja de fato concluída”, destacou o militar.
Dentro do sistema prisional os agentes também reclamam. “Os agentes penais também são pessoas arriscando suas vidas em um ambiente de periculosidade. Estamos perdendo nossa autonomia por decisões que não vêem nosso trabalho de uma forma técnica e que só fortalecem a criminalidade que mantém refém a população carcerária e ameaça os profissionais que estão na linha de frente”, pontuou a presidente do Sindicato dos Policiais Penais do estado, Vilma Batista.
Da audiência, participaram ainda entidades como as associações de Cabos e Soldados da Polícia Militar, de Subtenentes e Sargentos Policiais e Bombeiros do RN e de Praças de Mossoró. Foram levantadas outras questões, como casos de suicídio entre os agentes de segurança e transtornos psicológicos que adquirem no exercício da função.
Para a presidente do Sindicato dos Policiais Civis (Simpol/RN), Edilza Faustino, a sociedade precisa reconhecer que esses servidores também são cidadãos. “São pessoas que também têm famílias e vida e que se dedicam a proteger e cuidar da segurança da população. A sociedade precisa entender que o policial não é inimigo, mas aquele que dá seu corpo como escudo para que a paz social aconteça”, pontuou.
Texto: Cláudio Oliveira