O avião VC-2 da Força Aérea Brasileira (FAB), cedido pela presidência da República, com os 32 brasileiros e familiares resgatados da Faixa de Gaza, decolou na manhã desta segunda-feira (13) do Aeroporto do Cairo, no Egito, rumo ao Brasil. O grupo deve chegar no país na noite desta segunda-feira, por volta das 23h30 e será recebido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O grupo a caminho do Brasil tem 22 brasileiros, sete palestinos naturalizados brasileiros e três palestinos familiares próximos. Dos 32 repatriados, 17 são crianças, nove mulheres e seis homens. Eles conseguiram cruzar a passagem de Rafah, na fronteira de Gaza com o Egito, no início da manhã de domingo (12).
A previsão inicial era de que 34 pessoas iriam sair da Faixa de Gaza, porém uma mulher de 50 anos e sua filha, de 12, desistiram da repatriação neste momento por “motivos pessoais”, segundo o embaixador brasileiro na Palestina, Alessandro Candeas.
Antes do pouso na Base Aérea de Brasília, haverá duas paradas técnicas: em Las Palmas, na Espanha; e na Base Aérea do Recife, já no Brasil, informou a FAB.
Os repatriados receberão apoio psicológico, cuidados médicos e imunização e terão um período de repouso em Brasília, em alojamento da FAB, antes de se deslocarem para outras cidades no Brasil.
Segundo o Ministério da Saúde, a Força Nacional do Sistema Único de Saúde (SUS) está sendo mobilizada para oferecer aos repatriados os cuidados em saúde necessários logo no momento de chegada ao Brasil, em Brasília.
“Há todo um esquema de recepção. Um sistema de apoio e acolhimento em que serão oferecidos identidade, permissão de trabalho, acesso ao Sistema Único de Saúde, à rede de apoio social para refugiados, além da regularização da situação de cada um”, explicou o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira.
“Alguns brasileiros já têm destino certo porque têm familiares aqui, mas uma parcela significativa, quase metade, não tem onde ficar. O Governo Federal já preparou, por meio do Ministério do Desenvolvimento Social, um local onde essas pessoas ficarão acolhidas no interior de São Paulo”, explicou Augusto de Arruda Botelho, secretário nacional de Justiça do Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Bombardeios e falta de recursos
Os brasileiros estavam presos no território desde os ataques terroristas do Hamas contra Israel, no dia 7 de outubro, que mataram mais de 1.200 pessoas. Israel reagiu com intensos bombardeios a alvos em Gaza e, mais tarde, ccom o envio de tropas por terra, como parte de sua campanha militar que visa derrotar o grupo terrorista palestino. A ação israelense já deixou mais de 11 mil mortos.
Os brasileiros e as agências de ajuda humanitária em Gaza relatam falta de água potável, eletricidade, alimentos e remédios devido ao cerco imposto por Israel ao enclave. Segundo a ONU, a ajuda humanitária autorizada a entrar é insuficiente para cobrir as necessidades de cerca de 2,2 milhões de habitantes do território palestino.
Inicialmente, um grupo de 22 brasileiros foi abrigado em uma escola católica na Cidade de Gaza. Mas, após expirar o prazo dado pelas Forças de Defesa de Israel para a evacuação da cidade antes da ofensiva militar, o grupo foi levado de ônibus até a cidade de Khan Yunis, na região sul do enclave, próxima à fronteira com o Egito. Desde então, o grupo aguardava liberação para poder atravessar o posto na cidade de Rafah.
Operação ‘Voltando em Paz’
Este será o décimo voo da Operação Voltando em Paz, do governo federal, que cumpre mais uma missão de repatriação em áreas de conflito no Oriente Médio. A aeronave VC-2, cedida pela Presidência da República, ficou quase um mês no Egito para o resgate dos repatriados da Faixa de Gaza. Os outros voos partiram de Tel Aviv, em Israel, e de Amã, na Jordânia, com brasileiros que estavam no território palestino da Cisjordânia.
Com os dez voos, a Operação Voltando em Paz terá transportado um total de 1.477 passageiros, além de 53 animais domésticos. Do total, foram 1.462 brasileiros, 11 palestinos, três bolivianas e uma jordaniana.
No dia 7 de outubro, o Hamas, que controla a Faixa de Gaza, lançou um ataque surpresa de mísseis contra Israel e a incursão de combatentes armados por terra, matando civis e militares e fazendo centenas de reféns israelenses e estrangeiros. Em resposta, Israel bombardeou várias infraestruturas do Hamas, em Gaza, e impôs cerco total ao território, com o corte do abastecimento de água, combustível e energia elétrica.
Os ataques já deixaram milhares de mortos, feridos e desabrigados nos dois territórios. A guerra entre Israel e Hamas tem origem na disputa por territórios que já foram ocupados por diversos povos, como hebreus e filisteus, dos quais descendem israelenses e palestinos.
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