Coluna Especial é assinada por Caio de Carvalho, diretor nacional de comunicação do Grupo Bandeirantes e presidente do Instituto Bandeirantes
Durante nossos 88 anos, nós da Band nos orgulhamos de aqui formarmos e lançarmos novos talentos e vê-los crescerem aqui ou em outras emissoras. Uma história que começou em 1937 com a Rádio Bandeirantes e que segue até hoje fazendo parte da vida de milhões de brasileiros nas mais diferentes plataformas disponíveis.
Estamos, portanto, há quase 9 décadas seguindo essa filosofia, unindo sangue novo e experiência para pensar e apresentar ideias que mantêm nossa empresa vibrante e atraente. Foi assim quando lançamos a Cadeia Verde-Amarela de rádios para a transmissão dos jogos da Seleção Brasileira na exitosa campanha ao título mundial em 1958. Seguindo pela construção de um edifício exclusivamente projetado para a TV Bandeirantes em 1967 (fato inédito na televisão brasileira até então), com a chegada das cores em 1972.
Com o brilhante histórico da Rádio Bandeirantes tendo sido a casa das radionovelas, com obras de Janete Clair, Dias Gomes, Vicente Sesso, dentre outros, podemos falar ainda do investimento massivo feito em nossa teledramaturgia no final dos anos 1970. Estabelecemos um centro de produção pujante que deu vida a mais de 15 novelas e séries em sequência em pouco mais de quatro anos e que alcançou seu ápice ao chegar a picos de 24 pontos de audiência com o fenômeno Os Imigrantes na década seguinte.
Nossa vontade de fazer o melhor nos levou ainda a recriação dos inesquecíveis mascotes Ritinha, Paulinho e RobôBan que davam um tom carismático aos intervalos de nossa programação recheada de atrações para os mais diferentes públicos, como Bronco (com Ronald Golias), Chacrinha, Dercy, Boa Noite Brasil (com Flávio Cavalcanti), Hebe, Clube do Bolinha, Perdidos na Noite (com Fausto Silva), Cozinha Maravilhosa da Ofélia, ZYB-Bom, Cara a Cara (com Marília Gabriela) e muitos outros.
Band tem histórico no jornalismo
Além da liberdade, a criatividade exige também inovação constante para sobreviver. Por isso, erguemos a maior torre de televisão da América do Sul e o lançamos o primeiro canal local de jornalismo de São Paulo, ambos em 1996; passamos a transmitir vídeos via internet e entramos na TV por assinatura em 2001; criamos a primeira rádio all news totalmente em FM em 2005; fomos pioneiros na exibição de uma telenovela brasileira em alta definição em 2007; ousamos a fazer o primeiro canal totalmente dedicado às artes em 2013; lançamos nosso streaming em 2020 e firmamos parcerias de peso que nos permitem fazer intercâmbio de conteúdo com as maiores agências do mundo e ser a única emissora a ter uma sala de dados digitais com as tendência do com o apoio do Google no Brasil.
Nosso logo não é um olho vivo à toa – ele também simboliza nossa vitalidade e curiosidade. E, para apresentar tudo isso, temos de buscar sempre os melhores. Para relembrar citamos, com alegria, alguns dos muitos nomes que aqui foram revelados ou que encontraram na Band a projeção nacional e o protagonismo que mereciam, como: Aline Midlej, Astrid Fontenelle, Carlos Nascimento, Datena, Denilson, Faustão, Felipe Andreoli, Flávia Noronha, Julia Duailibi, Luciano Huck, Marília Gabriela, Marcos Mion, Otaviano Costa, Galvão Bueno, Rodrigo Faro, Sandra Annemberg… A lista é, felizmente, extensa.
E dois nomes representam aqueles que já eram grandes e se reinventaram através da liberdade e do espaço que aqui encontraram: Ricardo Boechat, tornando-se o âncora mais respeitado de seu tempo, e Luciano do Valle, o locutor que passou a ser também responsável por trazer ao Brasil os maiores eventos esportivos do mundo.
Não hesitamos em defender a liberdade mesmo durante o tenebroso período da Ditadura Militar. Em uma linha do tempo, podemos começar citando o lançamento da nossa emissora de televisão em 1967, a menos de um ano do AI-5 – decreto que cortou direitos de expressão dos brasileiros e provocou um clima hostil em todo o país.
Band e os artistas
Foi a Band, não outras emissoras, quem abriu sua casa e palcos para artistas perseguidos pela censura. Tal abrigo e espaço para esses talentos geniais culminou em episódios como o pesadelo do misterioso incêndio de 1969, que destruiu nosso equipamento ainda novo e cuja autoria foi maliciosamente empurrada para os opositores do regime de então.
Sem perder a fé na democracia, sempre sob a liderança de Seu João Saad, reafirmamos este compromisso ao abrirmos em 1974 um espaço totalmente dedicado à cultura e livre para os artistas perseguidos: o Teatro Bandeirantes. Com um show especial de Tim Maia, Elis Regina, Rita Lee, Maria Bethânia e Chico Buarque. Três anos depois, ao inaugurarmos a TV Guanabara do Rio de Janeiro (hoje Band Rio), apresentamos, em horário nobre, um programa de Chico Buarque como a estrela principal do especial Caros Amigos.
Ainda durante o Regime, mas com sinal de novos tempos, criamos em agosto de 1980 o Canal Livre para promover a discussão clara de questões importantes e para dar espaço democrático a todos – inclusive aos que voltavam do exílio. Para evitar qualquer dúvida, seu encerramento contava com a leitura da Declaração dos Direitos Humanos da ONU com a locução do lendário Oswaldo Sargentelli. Em 1984 fomos a primeira emissora a fazer a transmissão dos comícios pelas Diretas Já, que apesar de não aprovada, resultou na volta do voto direto para presidente em 1989. Sempre pioneira, nos firmamos como a televisão a fazer o primeiro debate de todas as eleições.
Seguimos registrando diariamente o que se passa em nosso país, mas não esquecemos jamais do que já foi dito e mostrado por nós. Por isso, mantemos guardados e preservados em nosso acervo materiais, muitos deles únicos no mundo, do esporte, jornalismo e entretenimento desde 1937.
Com a dedicação de Milton Parron na rádio e Arthur Vieira na televisão, sob a gerência de Marianne de Castro e direção de Caio Carvalho, bem como o apoio de uma aguerrida equipe, formada em parte por jovens estudantes de Comunicação estimulados a se apaixonarem por história e a se tornarem ótimos profissionais, todo este conteúdo tem sido instrumento de ações constantes para que continuem sendo oferecidos ao público, através de novas produções próprias ou via licenciamento para produções de grandes plataformas de streaming através do nosso Band Imagem.
O carinho que recebemos do público, dos profissionais e dos anunciantes nos indica que estamos certos ao contribuir com a oxigenação do nosso mercado através da criação de novos talentos – diante ou atrás das câmeras. Por isso, a Band, próxima a completar seus 88 anos de uma bela história, agradece e reconhece a contribuição de todos aqueles que por nossa empresa passaram ou que aqui continuam dando o máximo de si em nome de uma comunicação cada vez melhor.
E a vida continua dentro do Grupo Bandeiramtes de comunicação sob o comando de Johnny Saad.
Caio de Carvalho é diretor nacional de comunicação do Grupo Bandeirantes e presidente do Instituto Bandeirantes.
Fonte: natelinha.uol.com.br