Teve início nesta segunda-feira (2), em Natal, o júri popular do policial militar Pedro Inácio Araújo, acusado de estuprar e matar a universitária Zaira dos Santos Cruz, de 22 anos, no sábado de carnaval de 2019, no município de Caicó, região Seridó do Rio Grande do Norte.
O julgamento ocorre no Fórum Miguel Seabra Fagundes, sob forte esquema de segurança. Grades de isolamento foram colocadas na calçada do prédio e o acesso ao salão do júri foi restrito a familiares da vítima e do réu, além de uma psicóloga do Ministério Público que acompanha a família de Zaira. O processo tramita sob segredo de Justiça.
Por decisão judicial, apenas seis pessoas puderam acompanhar presencialmente a sessão: a mãe, o pai e a irmã de Zaira, além da psicóloga do Núcleo de Apoio às Vítimas de Violência Letal e Intencional do MP. Do lado do réu, somente a mãe e um acompanhante tiveram acesso ao plenário. Familiares do policial chegaram cedo ao local, mas preferiram não falar com a imprensa.
Relembre o caso
Zaira Cruz foi encontrada morta em 2 de março de 2019, dentro do carro do acusado, em Caicó. Segundo a Polícia Civil, o veículo estava trancado e foi necessário o acionamento do Corpo de Bombeiros para abrir a porta. A vítima cursava Engenharia Química na Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa), em Mossoró, cidade onde morava.
Na época, a jovem participava do carnaval com um grupo de amigos, incluindo o policial Pedro Inácio. Todos haviam alugado uma casa para o período festivo. Segundo a versão apresentada por ele à polícia, os dois tiveram relações sexuais consensuais e, depois, ele a deixou dormindo no carro. No entanto, o laudo do Itep e as investigações apontaram sinais de asfixia e indícios de violência sexual.
Pedro Inácio foi preso preventivamente em 15 de março de 2019, no município de Currais Novos, onde residia e também cidade natal de Zaira. Em 2 de abril daquele ano, o Ministério Público denunciou o PM por homicídio triplamente qualificado: por meio de asfixia, com o objetivo de encobrir outro crime (estupro), e por se tratar de feminicídio.
A Justiça determinou em 2021 que o caso fosse levado a júri popular. Após pedido da defesa, o julgamento foi transferido de Caicó para a capital, Natal, em decisão tomada pelo Tribunal de Justiça do RN em 2024.
Pedro Inácio segue preso preventivamente desde março de 2019.