Um vídeo com milhares de visualizações nas redes sociais de uma brasileira que mudou a cor dos olhos através de uma cirurgia na Suíça acendeu um alerta na comunidade médica do Brasil.
A ceratopigmentação é febre no exterior e consiste na inserção de tinta por pequenos furos na córnea ocular, uma espécie de tatuagem nos olhos. A modelo brasileira Layyons Valença realizou a cirurgia no ano passado, na Suíça, e transformou o olhar castanho em azul. Foi essa mudança que viralizou na internet.
Ela contou à BandNews FM que a decisão ocorreu por questões de autoestima, já que sempre teve dificuldades de aceitar a própria imagem:
“Eu não conseguia me identificar com meus olhos marrons, eu não vivia sem lente, não deixava ninguém me ver sem lente. Eu usava o tempo inteiro e cheguei a ter uma infecção por conta disso, fiquei até sem enxergar”, disse Layyons .
No Brasil, a tatuagem em olhos para fins estéticos, que é irreversível, não é permitida pelos riscos à saúde, como o aumento da pressão interna ocular, a diminuição da visão periférica e até a possibilidade de cegueira.
Em alguns países do exterior, como Estados Unidos, França e Suíça, a técnica é aprovada pelos conselhos médicos, já que há um tipo de pigmento específico para o órgão, que ainda não foi analisado pela Anvisa.
O presidente da Sociedade Brasileira de Córnea, José Álvaro Gomes, explica que esse aval não é suficiente para garantir a segurança:
“Você vai operar uma estrutura nobre do olho, que é a córnea, uma córnea normal, que não tem problema nenhum, colocando um pigmento que você não sabe o que vai acontecer a longo prazo e você vai poder estar atrapalhando procedimentos e exames que o paciente poderá necessitar”, destaca.
Segundo as entidades médicas brasileiras, pacientes que já realizaram esse procedimento relatam a sensação de areia nos olhos, além do incômodo com a luminosidade.
A Layyons Valença teve esses sintomas e disse que eles perduraram por alguns meses.
O Conselho Brasileiro de Oftalmologia recomenda que a cirurgia seja feita apenas em pacientes com algum tipo de cegueira e para fins terapêuticos na revitalização de manchas brancas nos olhos.
Segundo o médico José Álvaro Gomes, os casos aprovados são específicos:
- No caso de pacientes que tiveram acidentes ou traumas que resultaram na perda da íris, a parte colorida do olho, e não conseguem usar uma lente filtrante.
A cirurgia tem duração de cerca de 30 minutos e é feita com anestesia local, já que o paciente precisa ficar acordado.
Na Europa e nos Estados Unidos os valores variam entre R$ 40.000 e R$ 60.000
No caso de Layyons, o procedimento durou 45 minutos e, segundo ela, a demora estava atrelada ao nervosismo, já que tremia muito com medo de alguma reação ou erro médico:
Eu tinha medo dele furar o meu olho, dele errar, porque ele [o médico] é humano. Tinha medo de ter uma crise de ansiedade, levantar, mexer a cabeça durante a cirurgia. Mas, mesmo assim eu queria. Eu sei desde os meus 15 anos.
Band