“Cooperar” é o verbo mais importante neste modelo de negócio. Está até no nome. Se nas empresas tradicionais, o lucro vai para o bolso do dono ou dos investidores, na cooperativa, é partilhado entre os trabalhadores.
Hoje existem mais de 4.880 cooperativas brasil. O número total de cooperados subiu 21% em dois anos, hoje são quase 19 milhões de pessoas. Maiara Alves é uma delas. Trabalha há dez anos em uma cooperativa de coleta seletiva.
“Não tem finalidade lucrativa, então cada vez que nós conseguimos sensibilizar a população para separar e descartar de forma correta os seus resíduos, é mais um posto de trabalho que a gente gera” diz Telines Basílio “carioca”, presidente da Coopercaps.A maioria dos trabalhadores das cooperativas não completou o ensino fundamental.
Esses são os profissionais com mais dificuldade de encontrar uma oportunidade no mercado de trabalho. Mas aqui eles são valorizados. A remuneração média equivale a dois salários mínimo e meio – cerca de três mil reais.
“Aqui eu acho bom, por que sempre o que eu ganho está dando para sobreviver e manter minha família. Eu não sei ler nem escrever né? Já difícil para quem tem estudo, e para quem não tem estudo, é mais difícil ainda” afirma Cícero Ferreira, que é cooperado
Os ingressos, termo equivalente a faturamento no cooperativismo, passaram de R$ 525 bilhões em 2021, 26% a mais que 2020. O setor agropecuário reúne o maior número de cooperativas do país. Mais da metade (53%) da produção de alimentos do brasil passa pelo cooperativismo.
Na área da saúde, o modelo também se destaca. O plano de saúde Unimed é formado por trezentas e quarenta e duas cooperativas espalhadas pelo brasil.
“A informação é que nós somos o maior sistema cooperativo de trabalho médico do mundo” afirma Luiz Paulo Tostes Coimbra, presidente da Unimed Nacional.
118 mil médicos fazem parte da rede. Os médicos cuidam do paciente e também da saude do próprio negócio.
“Se você tem uma reunião de um grupo de médicos, você também vai cuidar melhor da saúde dos médicos e da saúde das pessoas, entendo que isso é uma vantagem competitiva enorme, porque já vem de dentro de nós” afirma Luiz Paulo
Em Porto Alegre, a varrição de ruas e capinas de parque estão nas mãos de três mil sócios de uma cooperativa criada há 38 anos.
“Nasceu da necessidade do pessoal de periferia de conseguir trabalho e renda principalmente um perfil que não se adequava num modelo convencional do mercado” conta Imanjara Marques de Paula, diretora presidente da Cootravipa.
Um dos papéis da cooperativa é dar oportunidade para profissionais que sofrem preconceito de muitas empresas. É o caso do Alexandre Osorio borges, que é egresso do sistema prisional. Ele começou como gari há dois anos e hoje é líder de equipe.
“Representou o recomeço da minha vida, me deu oportunidade de ter sustento pra minha família, transformar meus planos em realidade” contou Alexandre.
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