Divulgado nesta quinta-feira (30/11), o novo Boletim InfoGripe da Fiocruz apresenta manutenção de um cenário heterogêneo da situação das Síndromes Respiratórias Agudas Graves (SRAG) por Covid-19 no país, assim como o divulgado nas duas últimas atualizações. No panorama nacional, há um sinal de queda nas internações causadas pela doença, principalmente nos estados do Centro-Sul, onde a maioria demonstra redução ou estabilidade; no entanto, outros ainda têm sinal de crescimento, sobretudo Minas Gerais e Bahia, além de Ceará, Espírito Santo e Pernambuco, com quadros mais iniciais. Referente à Semana Epidemiológica (SE) 47, de 19 a 25 de novembro, a análise tem como base os dados inseridos no Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe) até o dia 27 de novembro.
O Boletim destaca o sinal de queda de Covid-19 no Rio Grande do Sul e no Paraná, além da interrupção do crescimento em Santa Catarina. Minas Gerais e Bahia, por sua vez, ainda mantêm um aumento claro. O estado baiano já demonstra uma certa redução, mas ainda não o encerrou.
Em relação aos estados com números iniciais de crescimento, Espírito Santo, Ceará e Pernambuco apresentam valores ainda baixos, mas que merecem atenção. “Dão sinais de que podem estar iniciando esse processo, saindo daquele cenário de oscilação e, possivelmente, iniciando o crescimento”, afirma o pesquisador do Programa de Computação Científica (Procc/Fiocruz) e coordenador do InfoGripe, Marcelo Gomes.
Nas últimas oito semanas, a incidência e mortalidade de SRAG mantém o padrão típico de maior impacto entre crianças pequenas e idosos. A mortalidade da SRAG tem se mantido significativamente mais elevada nos idosos, com predomínio de Covid-19.
O pesquisador ainda relembra o cuidado com as festas de final de ano que se aproximam. “A gente pode ter um aumento na circulação de vírus respiratórios por conta de todas as interações, viagens, festas. Então é importante a gente ter aquele cuidado, principalmente já agora, quem estiver com sinal de infecção respiratória, está com sintomas de gripe ou resfriado, faça um repouso. Não podendo fazer repouso, bote uma boa máscara, evite aglomerações e, obviamente, vacina em dia, tanto para a Covid quanto para a influenza”.
Em estados como Amazonas e Amapá, o InfoGripe aponta aumento de internações associadas às SRAG, mas não à Covid-19, porque estão concentradas em crianças pequenas. Nos idosos, não há sinal de crescimento.
Estados e capitais
Nesta atualização, sete estados apresentaram sinal de crescimento de SRAG na tendência de longo prazo: Amazonas, Amapá, Ceará, Espírito Santo, Minas Gerais, Pernambuco e Roraima.
Em Minas Gerais, o crescimento se observa nas faixas etárias da população adulta, decorrente da Covid-19. Na Bahia se observa manutenção do aumento nesse grupo, também associado à Covid-19, mascarado pela queda nos demais grupos etários. No Ceará, Espírito Santo e Pernambuco há sinal de possível início de crescimento dos casos de Covid-19 na população a partir de 65 anos de idade, embora ainda seja inicial. Sinal similar se observa no Mato Grosso do Sul.
No Amazonas e no Amapá, o crescimento é lento e concentrado em crianças, sem resultado laboratorial suficiente para identificação de possível agente causador. Já em Roraima, o sinal de aumento é compatível com oscilação.
Em Santa Catarina se observa interrupção no aumento dos casos de SRAG por Covid-19, porém ainda sem reversão para queda.
Entre as capitais, seis apresentam sinal de crescimento: Campo Grande (MS), Fortaleza (CE), Macapá (AP), Recife (PE), São Luís (MA) e Vitória (ES).
Em Recife e Fortaleza, o cenário é similar ao destacado para os estados correspondentes. Em Macapá e São Luís, o crescimento recente se concentra em crianças pequenas. Em Campo Grande e Vitória, o sinal ainda é compatível com oscilação, porém o sinal dos respectivos estados sugere cautela.
Em Porto Alegre e Salvador, que apresentavam crescimento até semanas recentes, o sinal atual é de interrupção no aumento. Belo Horizonte mantém sinal de crescimento de SRAG por Covid-19 nos idosos, mascarado pela queda em crianças.
Resultados positivos de vírus respiratórios e óbitos
Nas quatro últimas semanas epidemiológicas, a prevalência entre os casos como resultado positivo para vírus respiratórios foi de: influenza A (1,3%), influenza B (0,4%), vírus sincicial respiratório (9,9%) e Sars-CoV-2/Covid-19 (64,7%).
Entre os óbitos, a presença desses mesmos vírus entre os positivos foi de: influenza A (0%), influenza B (0,5%), vírus sincicial respiratório (1,0%), e Sars-CoV-2/Covid-19 (95,6%).
Referente ao ano epidemiológico 2023, já foram notificados 164.003 casos de SRAG, sendo 64.821 (39,5%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório, 83.206 (50,7%) negativos, e ao menos 7.626 (4,6%) aguardando resultado laboratorial. Dados de positividade para semanas recentes estão sujeitos a grandes alterações em atualizações seguintes por conta do fluxo de notificação de casos e inserção do resultado laboratorial associado. Dentre os casos positivos do ano corrente, 7,3% são influenza A, 3,8% influenza B, 33,7% vírus sincicial respiratório (VSR), e 33,9% Sars-CoV-2 (Covid-19).
Referente aos casos de SRAG de 2023, independentemente da presença de febre, já foram registrados 10.292 óbitos, sendo 5.316 (51,7%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório, 4.262 (41,4%) negativos, e ao menos 187 (1,8%) aguardando resultado laboratorial. Dentre os positivos do ano corrente, 9,3% são influenza A, 4,7% influenza B, 7,0% vírus sincicial respiratório (VSR), e 72,1% Sars-CoV-2 (Covid-19). Nas quatro últimas semanas epidemiológicas, a prevalência entre os casos positivos foi de 0% influenza A, 0,5% influenza B, 1,0% vírus sincicial respiratório, e 95,6% Sars-CoV-2 (Covid-19).
Por: Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)