O mercado de criptomoedas está em uma semana difícil, com queda nos principais criptoativos.
O bitcoin, a criptomoeda mais valiosa do mundo, caiu para quase US$ 21 mil nesta quarta-feira (15). O ativo perdeu um quarto de seu valor desde sexta-feira (10) e está quase 70% abaixo de sua alta de US$ 68 mil de novembro. O ether, a segunda moeda digital mais valiosa, perdeu cerca de um terço de seu valor desde sexta-feira e caiu 75% abaixo de suas máximas.
Mais preocupantes são os problemas estruturais que impossibilitam que os investidores retirem seu dinheiro das exchanges. A Binance, maior ‘bolsa de criptos’ do mercado, pausou os saques por algumas horas na segunda-feira, dizendo que algumas transações ficaram “presas”.
Já a Celsius Network, que tem 1,7 milhão de usuários, interrompeu temporariamente os saques devido a “condições extremas de mercado”. Os administradores da exchange não disseram quando reabririam as operações, indicando apenas que “levaria tempo”.
A Coinbase, a maior dos EUA em volume de negócios, anunciou na terça-feira que demitiria cerca de 18% de sua força de trabalho, citando uma recessão que “pode levar a outro inverno de criptomoedas e pode durar por um longo período”.
Contudo, até agora, pelo menos, os especialistas não estão muito preocupados. Os investidores de longo prazo estão ignorando as baixas extremas no valor das moedas digitais e o colapso das exchanges.
Eles dizem que isso é normal e que um mercado de baixa em criptomoedas não é o mesmo que um mercado de baixa para ações: os baixos são mais extremos, mas os altos também.
“Os mercados de baixa de criptomoedas geralmente caem entre 85% e 90%”, disse Jason Yanowitz, cofundador da Blockworks, uma plataforma de pesquisa para investidores, executivos e construtores de criptomoedas. Na última década, duas crises prolongadas de criptomoedas viram o bitcoin perder mais de 80% de seu valor, mas a moeda se recuperou – e mais um pouco.
Durante o mercado de baixa de criptomoedas de 2017 a 2018, o bitcoin despencou 83%, de US$ 19.423 para US$ 3.217. Mas em novembro de 2021, a moeda foi avaliada em US$ 68 mil.
Durante o mesmo período, o ethereum caiu de US$ 1.448 para US$ 85, uma queda de cerca de 95%. Em novembro de 2021, a moeda foi avaliada em US$ 4.850. O mercado em baixa entre 2013 e 2015 também viu o bitcoin cair cerca de 82%, de US$ 1.127 para US$ 200.
“Se você comprou [bitcoin] no auge da alta de 2017 (cerca de US$ 20 mil), você viu um declínio de 80% no ano seguinte. Mesmo após o declínio mais recente do mercado de criptomoedas em relação às máximas de todos os tempos em novembro passado”, disse Felix Honigwachs, CEO da Xchange Monster.
Dado que a criptomoeda começou as negociações em 2009, ela pode ser considerada nova, ou seja, é natural que haja uma maior volatilidade, diz Yanowitz.
Ele cita como a exemplo os papéis da Amazon, cujo preço das ações atingiu altas de US$ 113 no boom da internet (final dos anos 90), antes de cair 95%, para US$ 5,51. Mas na terça-feira (14) fechou o pregão a US$ 102,31, e já chegou a ser negociada acima dos US$ 2.000, em 2021.
“Eu realmente discordo das pessoas que dizem que não há como se recuperar de algo assim”, destaca o cofundador da Blockworks. “Acho que as pessoas olham para a criptomoeda e acham estranho ou que não é real. Se você não acha que a criptomoeda é real, provavelmente acha que está supervalorizada.” Mas esse rebaixamento não é tão ruim quanto o último mercado de baixa de criptomoedas, acrescentou.
Outras ações de tecnologia caem significativamente agora, afirmou o especialista, não apenas as criptomoedas. As ações da Uber recuaram mais de 50% no ano. A Lyft, caiu 67% e Netflix teve queda de quase 72%.
Ainda assim, existem grandes preocupações sobre a moeda digital. Menos investidores foram expostos às quedas acentuadas da criptomoeda durante a última crise, então agora podem perder mais dinheiro.
Algumas novas empresas também podem sofrer durante a desaceleração no mercado cripto, mas os valores das moedas digitais provavelmente aumentarão novamente a longo prazo, disse John Browning, cofundador e diretor administrativo da Band Financial.
CNN