A Polícia Civil do Distrito Federal abriu inquérito para apurar a morte de Sarah Raíssa Pereira de Castro, de 8 anos, ocorrida no último domingo (13), em Ceilândia. A criança estava internada desde quinta-feira (10) no Hospital Regional de Ceilândia (HRC), após ter sido encontrada desacordada em casa, segurando um frasco de desodorante em spray. A principal suspeita é de que ela tenha inalatado o produto após ver o chamado “Desafio do Desodorante” em uma rede social.
De acordo com a Polícia, a menina sofreu uma parada cardiorrespiratória após a exposição ao aerossol, e, mesmo após cerca de uma hora de reanimação, não apresentou reflexos neurológicos. “O episódio resultou em uma parada cardiorrespiratória, sendo a vítima reanimada após cerca de 60 minutos, porém sem apresentar reflexos neurológicos, o que culminou na constatação de morte cerebral”, informou a corporação.
A Polícia tenta agora identificar como a menina teve acesso ao conteúdo e se há responsáveis pela sua disseminação. “Os envolvidos poderão responder por homicídio duplamente qualificado (por emprego de meio capaz de causar perigo comum e por se tratar de vítima menor de 14 anos), crime cuja pena pode chegar a 30 anos de reclusão”, completou a nota.
Esse é o segundo caso, em menos de um mês, de morte relacionada ao mesmo tipo de desafio virtual. Em março, Brenda Sophia Melo de Santana, de 11 anos, morreu em Pernambuco após ser socorrida pela mãe em situação semelhante. Especialistas alertam para os riscos graves da inalação de produtos químicos como o desodorante em spray.
“Podem acontecer várias coisas com a pessoa. Desde arritmias cardíacas causadas pela inalação de alguns dos gases [tóxicos] existentes nestes produtos, como o butano, que podem resultar em uma parada cardíaca; a asfixia, que afeta o cérebro, comprometendo os neurônios, até, no limite, a morte”, explicou a pediatra Camila Carbone Prado, do Centro de Informação e Assistência Toxicológica da Unicamp (CIATox).
A médica reforçou que o atendimento imediato é crucial: “É importante buscar socorro o mais rápido possível. Chamar uma ambulância ou, se possível, levar a pessoa o mais rapidamente para um local de atendimento de urgência. O tempo é um fator primordial.” Até o momento, a plataforma TikTok não se pronunciou sobre a acusação de que o conteúdo teria sido acessado por Sarah por meio do aplicativo.