As eleições nos Estados Unidos voltam a ser o tema do programa Canal Livre neste domingo, 8. O programa analisa o clima político no país diante de uma das disputas mais conturbadas de todos os tempos. O cenário atual e o que está por vir. Os reflexos para o Brasil e o mundo.
Os convidados são o ex-embaixador brasileiro nos EUA Sergio Amaral e o pesquisador Carlos Gustavo Poggio, americanista e PHD em estudos internacionais. A apresentação é de Sérgio Gabriel. Os jornalistas Luiz Megale e Fernando Mitre participam como entrevistadores.
Para Amaral, o resultado das eleições foi uma “mensagem de alívio” em uma eleição muito disputada, radicalizada e tensa.
O pesquisador Carlos Gustavo Poggio acrescenta que, apesar de derrotado, o atual presidente Donald Trump ainda lidera um movimento que permanece com ele na presidência ou não, além disso, o republicano teve 70 milhões de votos, o que é um número significativo. “E olhando a composição do Congresso, o eleitor deu um recado meio dúbio ao rejeitar Trump, mas eleger republicanos para um Congresso onde Biden encontrará dificuldades para trabalhar”.
Os especialistas concordam que o comportamento de Trump em não aceitar a derrota, e ainda levantar suspeitas sobre o processo eleitoral norte-americano, é algo inédito e prejudicial para a imagem do país. “O desrespeito às regras, o estilo dele, as medidas que toma contra a liberdade de imprensa (…) Trump não deu uma boa contribuição para a democracia”, observa o ex-embaixador Sergio Amaral. “E ele é suficientemente bem informado para saber que não tem chances [de reverter o resultado]. Se ele está agindo assim [recusando-se a reconhecer que perdeu] é por uma atitude política e promoção de imagem”.
“O discurso que vem da boca de um presidente americano é algo que afeta a todos”, completa Poggio. “Trump é responsável por propagar teorias da conspiração. Aqueles que o apoiam vão apoiá-lo não importa o que aconteça, mas talvez ele tenha perdido esta eleição por conta desse comportamento”.
Transição pode ser a pior da história do país
O pesquisador Carlos Gustavo Poggio sugere que a transição entre o governo Trump para o governo Biden será a pior da história do país. “Nunca houve uma transição tão caótica porque nunca teve um presidente que se recusa a admitir que está derrotado”, ressalta. “Isso cria problemas porque é importante que as equipes dos presidentes se comuniquem, caso contrário, o novo presidente já começa com uma série de problemas burocráticos e deixa os Estados Unidos em uma posição frágil, o que pode ser uma brecha para inimigos tentarem algum tipo de ataque. Além de tudo, é um problema de segurança nacional”.
Relação com o Brasil
Para Sergio Amaral, a boa relação do Brasil com os Estados Unidos de Joe Biden poderia começar agora com os cumprimentos de Jair Bolsonaro para o novo presidente – algo que ainda não aconteceu. “É algo prático, sem custos e que abriria portas”, define o diplomata.
Amaral teme que uma postura mais hostil de Bolsonaro possa isolar internacionalmente o Brasil – ainda mais. “Estamos ficando sozinhos. Quem são os nossos amigos hoje? Temos problemas com a União Europeia, por causa da questão do meio ambiente e outros, e podemos ter problemas do tipo com os EUA, temos até uma relação mais distante com a Argentina, que já manifestou apoio com a eleição de Biden”.
Poggio reforça ainda que a agenda de Biden prioriza a defesa do meio ambiente e dos direitos humanos, algo que não é caro ao presidente do Brasil. “O fato de [Bolsonaro] não ter cumprimentado [Joe Biden] pela vitória é um mau indicativo”, conclui.
Da Redação com Canal Livre