A ex-vice-prefeita de João Dias, Damária Jácome, foi presa nesta quinta-feira (21) em Ciudad del Este, no Paraguai, suspeita de envolvimento no assassinato do então prefeito Marcelo Oliveira (União Brasil), morto em agosto de 2024 durante a campanha eleitoral. A irmã dela, a ex-vereadora Leidiane Jácome, também foi detida na mesma operação.
De acordo com a Polícia Civil do Rio Grande do Norte, além das irmãs, um terceiro investigado, Weverton Claudino Batista, apontado como responsável por intermediar a contratação dos executores e “desempenhar papel central no planejamento do crime”, também foi preso.
Na ação que vitimou Marcelo Oliveira, o pai dele, Sandi Oliveira, também foi assassinado. O caso é tratado pelas autoridades como resultado de uma disputa política e familiar em João Dias, cidade com pouco mais de 2 mil habitantes.
Damária havia sido vice na chapa de Marcelo nas eleições de 2020, mas em 2024 se preparava para disputar o pleito contra ele. Ela e a irmã eram consideradas foragidas desde o ano passado.
As investigações já resultaram em outras prisões. Em dezembro de 2024, um pastor evangélico foi detido como um dos mandantes do crime, acusado de auxiliar no planejamento. Outras cinco pessoas também foram presas por suspeita de participação na execução.
Segundo denúncia do Ministério Público, o grupo criminoso chegou a cogitar o assassinato da viúva de Marcelo Oliveira, Fatinha de Marcelo, que assumiu a candidatura no lugar do marido e acabou eleita prefeita.
A trajetória política em João Dias é marcada por rivalidades familiares. Marcelo e Damária foram eleitos juntos em 2020, mas divergências surgiram logo após o início da gestão. Em 2022, Marcelo acusou a vice e seus familiares de coação para que deixasse o cargo. A Justiça determinou o retorno dele à prefeitura, o que acirrou o embate político.
Conforme o delegado Alex Wagner, a família Jácome passou a atribuir a Marcelo a responsabilidade pela prisão e morte de irmãos em confrontos policiais, além da apreensão de armas no município. Essas tensões teriam sido combustível para o crime.
O patriarca da família, Laete Jácome, pai de Damária e Leidiane, morreu de causas naturais no início de 2024.