A Polícia Civil do Rio Grande do Sul apurou que pelo menos 127 menores teriam sido vítimas de crimes sexuais cometidos por um homem de 36 anos, preso preventivamente em janeiro de 2025. As investigações indicam que o número real de vítimas pode superar 700, conforme a análise do material apreendido. A defesa do acusado ainda não se manifestou sobre o caso.
Segundo o delegado Valeriano Garcia Neto, responsável pelas investigações na Delegacia de Taquara, o indivíduo é acusado de estupro de adolescentes, armazenamento de pornografia infantil e ameaças contra vítimas de 9 a 13 anos em cinco estados brasileiros: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Acre e Mato Grosso.
A prisão em flagrante ocorreu em Taquara, cidade a aproximadamente 80 km de Porto Alegre, após a descoberta de mais de 750 pastas com conteúdo de exploração sexual infantil em seu computador. Há indícios de que o próprio suspeito produzia parte do material, coagindo as vítimas por meio de ameaças.
“Com a conclusão do laudo pericial, foram confirmadas 127 vítimas, com provas concretas nos termos do ECA e do Código Penal”, explicou o delegado.
Em abril, o acusado recebeu nova prisão preventiva por estupro de vulnerável, e, no dia 29, uma terceira ordem de prisão foi cumprida após condenação pela 1ª Vara de Garantias de Porto Alegre. Um dos casos envolve uma adolescente de 13 anos, ex-colega de aulas de Muay Thai do acusado em Taquara. A vítima relatou que, durante anos, foi obrigada a enviar material íntimo sob ameaças.
“Trata-se de um caso inédito pela extensão e organização dos crimes. Todas as vítimas eram menores à época dos abusos, que ocorreram por pelo menos 16 anos”, destacou Garcia Neto.
As vítimas já identificadas serão ouvidas para dar continuidade aos inquéritos e assegurar a responsabilização do agressor. A polícia garantiu o sigilo do processo e a preservação da identidade dos menores.
Método de abordagem: perfis falsos em redes sociais
De acordo com as investigações, o criminoso agia por meio de contas falsas, assumindo a identidade de garotas para se aproximar de suas vítimas.
“Por meio de manipulação psicológica, ele estabelecia uma relação de confiança virtual e induzia as menores a enviarem fotos íntimas. Após obter o material, exigia mais imagens, usando ameaças para manter o controle”, informou a Polícia Civil.
Entre os arquivos apreendidos, havia instruções detalhadas sobre poses e enquadramentos para as vítimas durante as gravações, evidenciando a meticulosidade dos crimes.”