A Prefeitura de Natal tem buscado articulações para que migrantes e refugiados tenham isonomia nos acessos a serviços públicos. Para isso, a Secretaria Municipal do Trabalho e Assistência Social (Semtas), em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde, participa neste sábado (27), a partir das 8h, na Unidade Básica de Saúde de Cidade Nova, de uma ação integrada com os venezuelanos Waraos que estão em Natal.
Na oportunidade, às famílias terão a participação de assistentes sociais e psicólogas integrantes do Comitê de Acompanhamento das Famílias Refugiadas, Migrantes e Apátridas da Semtas e técnicas do Cadastro Único e do CRAS Felipe Camarão que darão orientações gerais sobre a importância dos acompanhamentos sociais e de saúde para a garantia do recebimento do benefício do Bolsa Família. Ainda, terão acesso a diversos serviços de saúde como consultas médicas com clínico geral, pediatra e ginecologistas; consultas odontológicas; vacinas, dentre outros serviços. A atividade contará ainda com a parceria do curso de antropologia da UFRN e de representantes da Justiça Federal.
“Lidar com situações complexas relacionadas às questões étnicas e culturais de pessoas refugiadas é um cenário desafiador para todos os municípios brasileiros que receberam grupos indígenas Waraos”, avalia a secretária da Semtas, Ana Valda Galvão. “Por isso, a resposta integrada rápida e intensiva realizada pela Semtas e pelos órgãos de proteção tem sido fundamental na real compreensão das peculiaridades e especificidades deste grupo, mas, principalmente, em ações protetivas às crianças indígenas”, diz.
A ação coordenada envolvendo vários serviços públicos municipais visa promover os direitos sociais e de saúde desses usuários diante da realidade complexa que vivenciam, bem como, incentivar o protagonismo das famílias venezuelanas acompanhadas.
“As famílias, especialmente as refugiadas de etnia Warao, enfrentam obstáculos para serem integradas socialmente e terem uma vida digna, assim ações como essas, promovidas pela Prefeitura do Natal, são fundamentais para garantir os direitos sociais desses usuários e incentivar o seu protagonismo”, afirma a Coordenadora do Serviço de Proteção Social Especial de Alta Complexidade e técnica de Referência Centro de Acolhida e Referência para Refugiados, Apátridas e Migrantes (CARE/RN), Ana Paula Mafra.
Etnia Warao
Em decorrência dos problemas de abastecimento de produtos básicos, da hiperinflação e do aumento da violência, causados pela crise econômica e política que afeta a Venezuela, os Waraos, de características nômades, iniciaram um novo ciclo migratório, vindo para o Brasil.
O povo Warao, tradicionalmente habitantes do delta do rio Orinoco (Venezuela), são um grupo étnico bastante diverso no que tange a suas formas de organização social e costumes, compartilhando uma língua comum, também chamada Warao, e totalizando, atualmente, cerca de 49 mil indivíduos. No Brasil, há registros de sua presença migratória desde pelo menos 2014, tendo esta se intensificado em anos recentes. Pela localização geográfica da Venezuela, os primeiros locais de migração para terras brasileiras se deram no Norte do país (Roraima, Amazonas, Pará).
Tal fluxo logo se expandiu para outras capitais, já no Nordeste, como as do estado do Maranhão, Piauí e Ceará, e, mais recentemente, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco. No Rio Grande do Norte, no primeiro semestre de 2020, estimava-se a presença de cerca de 40 famílias da etnia, tanto em Natal quanto em Mossoró.