Uma reação rara da vacina com o botox e preenchimentos faciais pode ser o motivo pelo qual milhares de mulheres jovens não se imunizaram contra a Covid-19 na Inglaterra.
Algumas clínicas de estética do país recomendam que qualquer pessoa interessada em obter preenchimentos na pele espere até quatro semanas após a vacinação para realizar o procedimento.
As advertências têm como referência casos registrados nos Estados Unidos de pessoas que se submeteram ao uso da substância e tiveram como reação vermelhidão, inchaço e caroços duros após receberem a dose do imunizante.
Esse tipo de interação com injeções cosméticas não é exclusivo das vacinas e também pode ocorrer com doenças virais, picadas de insetos e alergias, por exemplo. No entanto, os especialistas argumentam que a percepção do risco, estimada em um a cada 5.000 casos, pode estar impedindo algumas mulheres de tomar a segunda e a terceira dose da vacina.
Segundo estudiosos, mulheres na faixa dos 20 e 30 anos são um alvo de procedimentos estéticos conhecidos como botox preventivo ou tratamentos de preenchimento projetados para retardar o aparecimento de rugas ou fazer certas características, como os lábios, parecerem maiores.
Vacinação das mulheres na Inglaterra
Menos da metade das mulheres com 30 anos que moram no Reino Unido estão totalmente vacinadas, de acordo com os dados mais recentes do Serviço Nacional de Saúde (NHS, em inglês). O número cai para apenas um terço na faixa dos 20 anos.
Em 2/1, pouco mais de 2 milhões de mulheres com idades entre 18 e 34 anos na Inglaterra estavam totalmente vacinadas. O quantitativo representa cerca de uma em cada três pessoas com idade entre 18 e 29 anos, e 44% das mulheres na casa dos 30 anos. Cerca de 5 milhões de mulheres com idades entre 18 e 34 anos receberam a primeira dose do imunizante.
Reações causadas pela vacina em pacientes com botox
Atualmente, o NHS e o governo do Reino Unido não fornecem nenhuma recomendação sobre o botox e as substâncias de preenchimento que interagem com a vacina contra a Covid.
O professor John Drury, um especialista em psicologia social da Universidade de Sussex, acredita que a confiança na vacina é uma questão chave para o sucesso da imunização. Segundo ele, o governo deve agir para abordar esta preocupação e evitar que as mulheres jovens tenham medo de receber a dose.
“Se a fonte dos medos for confiável, isso pode impedir que as pessoas tomem a vacina. Minha preocupação é que, para alguns jovens, essas fontes sejam mais confiáveis do que o governo”, diz Drury.
O Grupo Mundial de Especialistas em Complicações Estéticas (ACE) divulgou diretrizes no início de 2020 sobre as reações causadas pela vacina em pacientes com preenchimento pré-existente, dizendo que, “embora os casos relatados sejam baixos, esse problema é uma causa de preocupação para todos os profissionais de estética”.
As diretrizes afirmam ainda que “as reações de início retardado podem ocorrer semanas, meses ou mesmo anos após receber um tratamento de preenchimento de tecidos moles quando o sistema imunológico é desafiado”.
Por fim, a ACE orienta as pessoas a evitar procedimentos de preenchimento duas semanas antes de se vacinar ou três semanas após receber a injeção.
Metrópoles