Uma aluna da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) relatou ter sido sequestrada durante um assalto no interior do campus, em Natal. O crime aconteceu por volta das 22h, quando ela saía da instituição e se preparava para entrar em seu veículo, no estacionamento do setor de Biociências.
Segundo o relato da estudante, um homem armado se aproximou e a obrigou a entrar no carro, exigindo que ela se sentasse no banco do passageiro e mantivesse a cabeça abaixada. Durante a ação, o criminoso realizou uma transferência via pix no valor de R$ 400 usando o celular da vítima, além de ordenar que ela apagasse um aplicativo de rastreamento do aparelho.“Durante o sequestro, ele fez ameaças explícitas, afirmando que, caso a polícia fosse acionada, ele voltaria para me encontrar dentro da própria universidade”, contou a jovem.
A vítima foi deixada em uma área de matagal no bairro de Ponta Negra, e o suspeito fugiu levando o carro e outros pertences. Com a ajuda de moradores da região, a estudante conseguiu entrar em contato com o pai. O caso foi registrado na Delegacia de Plantão da Zona Sul de Natal. Procurada pela Band RN, a UFRN informou que se posicionará oficialmente sobre o ocorrido na tarde desta terça-feira (15).
“Podia ter acontecido coisas piores, né? Ele somente quis assaltar ela, mas poderia ter acontecido algo muito pior”, declarou Kivia Moreira, coordenadora do Movimento de Mulheres Olga Benário, que atua na UFRN. O movimento anunciou a criação de uma ouvidoria para receber denúncias de crimes ocorridos na universidade.
Ainda segundo Kivia, no dia seguinte ao sequestro, uma nova tentativa foi registrada. Um homem, dirigindo um carro, teria abordado outra aluna pedindo informações e, em seguida, ordenado que ela entrasse no veículo. A estudante recusou, mas o suspeito passou a segui-la. Ela buscou proteção no restaurante universitário, onde não encontrou vigilantes. Depois, se dirigiu a uma parada de ônibus e permaneceu no local com outros estudantes até que o homem deixasse a área.
O sequestro aconteceu em meio a uma série de denúncias de importunação sexual registradas na mesma semana, envolvendo os ônibus circulares do campus. De acordo com a Polícia Civil, até 9 de abril, cerca de 20 boletins de ocorrência haviam sido registrados. A Ouvidoria da UFRN também confirmou o recebimento de pelo menos 29 denúncias relacionadas à onda de importunações.
A Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (DEAM) instaurou um inquérito para apurar os casos, e movimentos estudantis estão organizando protestos para chamar atenção à crescente insegurança dentro da universidade.