Um relatório inédito sobre diversidade no futebol aponta que 41% das pessoas negras que atuam nas principais séries dos campeonatos brasileiros afirmam ter sofrido racismo, realizado pelo Observatório da Discriminação Racial no Futebol, em parceria com a Confederação Brasileira de Futebol e a Nike.
Levantamento contou com a participação de 508 profissionais do futebol brasileiro e abordou questões relacionadas à raça, religião, orientação sexual e origem. O documento apresenta reflexões em torno de dados coletados entre julho e agosto, com atletas, comissão técnica, equipes dos clubes e arbitragem que atuam nas Séries A e B do Campeonato Brasileiro masculino e nas Séries A1 e A2 do feminino na temporada de 2023.
“Os relatórios que o Observatório produz ao longo de 10 anos de trabalho já apontavam um cenário preocupante, onde a gente aponta um crescimento das denúncias no futebol brasileiro e outras formas de preconceito e descriminação. Dessa vez, o estudo foi ouvir quem trabalha com futebol e a gente pode ver o quanto é um ambiente problemático, um ambiente onde nada é aquilo que a gente sempre imaginou que o futebol pudesse ser, que é um ambiente democrático e acolhedor”, declarou Marcelo Carvalho, diretor do Observatório da Descriminação Racial.
Com base no levantamento que ouviu 508 profissionais, o relatório aponta o seguinte cenário: 41% das pessoas negras e 31% das indígenas afirmam terem sido vítimas de racismo durante suas funções no futebol; 52% dos participantes dizem ter visto acontecer com alguém.
Ao mesmo tempo, 11,4% dos participantes afirmaram ter sofrido racismo dentro de centros de treinamentos e concentrações, ou seja, dentro do ambiente de trabalho. “O dado mais alarmante é esse, que é um dado novo. Homens e mulheres sofrem discriminação dentro do ambiente de trabalho, que deveria ser acolhedor. E pior do que isso, essa pesquisa, que foi anônima, as pessoas disseram sofrer a violência, mas acredito que a maioria delas nunca denunciou”, pontuou Marcelo Carvalho em entrevista ao BandNews TV.
Para o diretor do Observatório da Discriminação Racial no Futebol, quando se olha no cenário do estádio, o primeiro ponto são aplicações de punições mais efetivas. “A gente precisa identificar o torcedor ou dirigente autor das ofensas e punir conforme às leis do Brasil e do torcedor”, declarou.
“Mas a gente precisa responsabilizar os clubes de futebol e responsabilizar é fazer com que eles promovam mais ações de conscientização e mais ações de educação”, acrescentou Marcelo Carvalho.
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