Quando os linfócitos — células do sistema de defesa — passam a se multiplicar de forma desordenada e se acumulam nos gânglios linfáticos, surge o linfoma. Este câncer pode se manifestar em diferentes idades e em qualquer região do corpo e, apesar de existirem cerca de 120 subtipos, a neoplasia do sistema linfático se divide entre o linfoma de Hodgkin (LH) e o de não-Hodgkin (LNH).
As causas tanto do LH quanto do LNH são, na maioria das vezes, desconhecidas, de acordo com Adriana Scheliga, hematologista e diretora da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica. Há, no entanto, algumas situações que aumentam o risco, como:
– Pessoas portadoras de imunodeficiências ou doenças autoimunes;
– Algumas infecções virais, como hepatite C e HTLV (vírus T-linfotrópico humano);
– Pessoas expostas, no trabalho, a agentes químicos e ionizantes.
“Quando os linfócitos sofrem algumas alterações, como por irradiação, infecções virais e bacterianas, e se tornam malignos, podem se proliferar e se acumular nos gânglios linfáticos. Assim surge a maioria dos linfomas”, explica a especialista.
Em outubro, a morte do ator Caike Luna, que estava tratando um linfoma de não-Hodgkin, despertou o interesse sobre os tipos, os sintomas e a prevalência da doença. O LNH, por exemplo, é o mais frequente, com cerca de 90% dos diagnósticos. Dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) confirmam: em 2020, a estimativa de novos casos do linfoma de não-Hodgkin era de 6.580 em homens e 5.450 em mulheres (12 mil, no total). No linfoma de Hodking, 1.590 homens e 1.050 mulheres, no mesmo ano (2,6 mil, no total).
Jovens, adultos e idosos
De modo geral, o LNH tende a surgir com mais frequência em pessoas mais velhas, acima dos 60 anos, mas é também o tipo de linfoma mais incidente na infância, segundo informações do INCA. Adultos também podem ser diagnosticados, como o ator Caike Luna, por exemplo, que tinha 42 anos.
Já o LH pode se manifestar em qualquer faixa etária, sendo mais comum em três momentos: entre os 15 e 29 anos; entre os 30 e 39 anos e acima dos 75 anos. Tanto no caso do LNH quanto no LH, homens têm maior risco do que as mulheres.
Sintomas e diagnóstico
O aumento indolor dos linfonodos (ou gânglios) no pescoço, axilas, virilha ou dentro do tórax, associado a febre e perda de peso sem motivo aparente, suores noturnos exacerbados e coceira na pele sem causa evidente são alguns sinais de alerta para a doença. Isso não significa, porém, que todo gânglio dolorido está associado ao linfoma, pois pode ser uma resposta a uma infecção dentária ou no ouvido, por exemplo.
“Nos linfomas, não há uma relação infecciosa local. O gânglio é indolor, com consistência fibroelástica, e persiste por duas semanas ou mais. Neste caso, o diagnóstico será feito por uma biópsia do linfonodo”, alerta Carlos Chiattone, diretor de Relações Institucionais da Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular e professor titular de Hematologia e Oncologia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.
Na sequência, outros exames de detecção podem ser solicitados, como uma tomografia computadorizada, ressonância magnética e PET scan (tomografia computadorizada por emissão de pósitrons), capaz de identificar alterações celulares, ainda que em fases iniciais.
Tratamento
Os pacientes diagnosticados com linfoma recebem sessões de quimioterapia, radioterapia e imunoterapia, além da terapia-alvo, com o uso de medicamentos que combatem as alterações celulares que causam a doença. O transplante de células-tronco hematopoiéticas (localizadas na medula óssea) é indicado para pacientes que não respondem positivamente ao tratamento padrão.
“O linfoma de Hodgkin foi o primeiro câncer a ser curado com quimioterapia no começo dos anos 1970. É uma doença com taxa de cura acima de 95%, exceto em casos mais avançados. Já o não-Hodgkin indolente muitas vezes nem precisa de tratamento”, tranquiliza Chiattone. “Por outro lado, o não-Hodgkin agressivo, que é mais frequente, progride rapidamente quando não tratado. Mesmo assim, a taxa de cura é de 70%”, complementa.
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