Mais de 1.040 pessoas estão atualmente na fila de espera por um transplante de órgão no Rio Grande do Norte, segundo dados divulgados pela Central Estadual de Transplantes, órgão vinculado à Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap). Apesar da alta demanda, o estado realizou apenas 185 procedimentos entre janeiro e agosto de 2025.
De acordo com o levantamento atualizado neste início de setembro, dois pacientes aguardam por um coração, 22 por medula óssea, 363 por rins e 656 por córneas. Os dados revelam o descompasso entre a necessidade de transplantes e a efetiva doação de órgãos no estado.
Segundo a coordenadora da Central Estadual de Transplantes, Rogéria Medeiros, o número ainda é tímido diante da demanda:
“Nosso objetivo é que esse número cresça muito mais, pois muitas pessoas ainda aguardam,” afirmou.
A campanha Setembro Verde, lançada nesta segunda-feira (1º) no Hospital Deoclécio Marques de Lucena, em Parnamirim, tem como principal missão estimular a cultura da doação de órgãos no RN. O evento reuniu autoridades da saúde, profissionais, familiares de doadores e transplantados.
Para o secretário de Saúde do RN, Alexandre Motta, a principal barreira é a falta de informação e conscientização da população:
“Temos que apontar os caminhos da informação correta sobre os transplantes. Precisamos que as pessoas entendam o papel da solidariedade e da empatia,” disse.
A história da servidora pública Maria Pimentel, que doou os órgãos do filho, emocionou os presentes:
“Só em saber, de alguma forma, que os órgãos do meu filho estão em outras vidas, dando vida, melhorando a qualidade de vida de alguém, já é um conforto,” relatou.
O cenário, no entanto, ainda é desafiador. Segundo o Ministério da Saúde, apenas quatro em cada 14 pessoas que manifestam interesse em doar se tornam doadoras efetivas. A recusa familiar ainda é uma das principais causas de impedimento nos processos de doação.
Além da captação interna, a Central de Transplantes do RN também atua em parceria com a Secretaria de Segurança Pública (Sesed) e a Força Aérea Brasileira para viabilizar o transporte de órgãos para outras regiões do país.