A pesquisa divulgada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) mostrou que 54,3% dos estudantes brasileiros de até 15 anos têm baixo nível de criatividade. Essa foi a primeira vez que o exame mediu a criatividade dos estudantes e o resultado deixa o Brasil na 44ª posição entre os 56 países analisados, atrás de outras nações latino-americanas, como Uruguai, Colômbia e Peru.
Esse levantamento faz parte do Programa Estadual de Avaliação de Estudantes (Pisa, sigla em inglês para Programme for International Student Assessment) e tem o objetivo de identificar os lugares com melhores resultados a fim de associar pensamento criativo aos currículos escolares. A pesquisa revelou que os alunos no Brasil apresentaram ideias óbvias e tiveram dificuldades de propor mais de uma solução para problemas simples.
Por outro lado, estudantes que participam de atividades de artes, teatro e escrita criativa tiveram melhor desempenho. A diretora da Casa Escola, Priscila Griner, fala que a escola tem um papel fundamental nesse processo.
“Ver além do literal faz parte de um exercício artístico que precisa ser estimulado desde cedo. Por isso, a arte é tão importante. Através dela, o aluno desenvolve uma capacidade maior de fazer relações, de se tornar mais sensível, de aprender a contemplar, de extrair significados mais amplos e de obter uma visão mais crítica sobre o mundo a fim de transformá-lo em um mundo melhor”, destaca a educadora.
Uma das questões aplicadas pelo Pisa pedia ao aluno para criar três títulos diferentes para a imagem de um livro enorme em um jardim. O exame previa que alunos de nível 1 ou 2 apresentassem títulos mais simples e literais, como “O livro gigante”. Já as respostas criativas trariam, de acordo os examinadores, adjetivos menos óbvios – como “A árvore solitária” ou “A trilha escrita”.
O estudo do Pisa revelou, ainda, que alunos com maior status socioeconômico tendem a ter melhor desempenho em pensamento criativo em comparação a jovens que vivem em situação de vulnerabilidade social. Em média, a diferença foi de 9,5 pontos. Além disso, as meninas demonstraram maior criatividade em relação aos meninos – 31% delas e 23% deles conseguiram atingir o nível 5 de proficiência (considerado alto).