Então você quis fazer sucesso na noite de Natal em família e decidiu dar um pet de presente para a sobrinha. Afinal de contas, ela sempre quis ter um cachorrinho e ganhar um animalzinho de estimação vai fazer a menina muito feliz. Certo?
Errado! Aliás, uma péssima ideia que pode gerar consequências nada agradáveis para o pet e também para os humanos.
Uma adoção sem planejamento pode causar estresse para o tutor e a até prejudicar o bem-estar do animal adotado. “Deve-se sempre considerar que algumas pessoas podem ter alergia ao pet, não ter condições financeiras para cuidar de um novo membro na família ou simplesmente não estarem preparadas para os desafios que a adoção pode proporcionar. Todos esses fatores podem resultar no abandono do animal. Por isso, é fundamental que a pessoa esteja preparada para assumir esse compromisso, de forma que torne a experiência a mais próxima, prazerosa e longa possível”, afirma Marina Macruz, médica-veterinária e supervisora de Capacitação Técnico-Científica e Técnico-Comercial da PremieRpet.
A época de fim de ano, inclusive, é campeã quando o assunto é abandono de animais. E essa triste realidade, como diz a veterinária Marina, se deve também ao despreparo dos lares em receber esses animais quando “ganham” um pet de presente.
Apesar da boa intenção, a atitude de presentear com animaizinhos não é bem-vista nem pelas ONGs que anseiam por adotantes para os milhares de pets abandonados espalhados por lares temporários e sedes lotadas em todo o país. “A gente nunca deixa as pessoas darem animal de presente. Não doamos. A pessoa que vai cuidar do animal tem de ficar responsável pela adoção. Aliás, quem vai ser o responsável financeiro e cuidar é a pessoa que passa pela nossa entrevista pré-adoção”, explica Luiza Julio Campos uma das voluntárias e coordenadora da ONG Desabandone.
Ela também conta que, recentemente, uma tentativa de adoção foi impedida porque o animalzinho chegaria de surpresa à família como forma de presente. “No final de semana, barramos uma adoção porque o filho queria levar um pet de surpresa para casa já que eles tinham perdido um cãozinho recentemente. Não permitimos e dissemos que queríamos conversar com os pais. Quando conversamos, os pais não queriam o cachorro.”
É comum que uma pessoa da família queira adotar o pet e os demais não tenham a mesma intenção. Nestes casos, o ideal é que se chegue a um acordo para que todos se responsabilizem pelo novo morador da casa.
“É fundamental entender o momento atual da família e avaliar previamente se ela está preparada para atender às necessidades de um novo membro que os acompanhará por muitos anos. Fazer um planejamento, conversar com todos os familiares e buscar orientação de um médico-veterinário são fatores essenciais para considerar antes de receber um novo gato ou cão em casa. Por isso, recomendamos os pets não serem presentes, mas sim uma decisão planejada, pois impactará a rotina familiar por muitos anos”, explica Priscila Rizelo, médica-veterinária e Coordenadora de Comunicação Científica da Royal Canin Brasil.
A propósito, o doguinho fofo natalino que ilustra este texto é um trabalho realizado pelo fotógrafo Philippe Nouailhetas, do Studio Fussus Fotopet (@fussusfotopet, no Instagram), especializado em imagens de pets e que ajuda o pessoal da ONG com um trabalho solidário. As fotos estimulam as adoções de animais, sempre de forma responsável e consciente. Para ficar mais claro ainda: não, o cachorrinho não está embrulhado para presente.
JULIANA FINARD / Band