Uma equipe liderada pelo astrofísico Abraham “Avi” Loeb, da Universidade de Harvard, confirmou que os fragmentos de um meteorito encontrado no Oceano Pacífico tem origem externa ao sistema solar. Sua análise, que ainda precisa ser validada por revisões independentes, foi apresentada nos últimos dias no website de pré-publicações arXiv.org.
O bólido de cerca de um metro de diâmetro, denominado IM1, caíra em 8 de janeiro de 2014 perto de Papua-Nova Guiné. Embora não fosse possível identificar sua origem, Loeb advertiu que ele apresentava características inusuais.
O astrofísico israelo-americano é conhecido por suas teorias controvertidas. Uma delas é que a rocha espacial Oumuamua (“mensageiro de longe que chega primeiro”, em havaiano), detectada em outubro de 2017, que cruza o sistema solar a alta velocidade, seria uma nave extraterrestre.
Combinação de elementos indica exoplaneta
Em março de 2022, com base em estimativas de velocidade, o Comando Espacial dos Estados Unidos da Nasa confirmou oficialmente que o IM1 fora o primeiro objeto interestelar a chegar à Terra.
Loeb – que desde 2021 trabalhava no Projeto Galileo, encarregado de detectar tecnologia de origem extraterrestre – realizou entre 14 e 28 de junho de 2023 uma expedição ao local onde o meteorito caíra, com o fim de determinar sua origem.
Sua equipe examinou um raio de dez quilômetros a partir do ponto de contato do IM1, a dois quilômetros de profundidade no oceano. Utilizando diferentes tipos de ímãs, coletou cerca de 700 esferas de material de 0,05 a 1,3 milímetro de diâmetro, resultantes do impacto do meteorito.
A análise preliminar de 57 dessas esférulas acusou uma constituição química sem precedentes na literatura científica, e possivelmente extrassolar. Algumas, por exemplo, contêm quantidades de berílio (Be), lantânio (La) e urânio (U) centenas de vezes superiores às encontradas no sistema solar.
“Esse padrão de abundância BeLaU é potencialmente explicável se o IM1 se originou da crosta altamente diferenciada de um exoplaneta com um núcleo de ferro e um oceano de magma”, explicou a coautora Stein Jacobsen, em comunicado expedido pela Universidade de Harvard.
Lixo espacial de outras civilizações?
Os pesquisadores calculam que, antes de penetrar no sistema solar, o meteorito se deslocava a uma velocidade de 60 quilômetros por segundo em relação ao sistema local de repouso da Via Láctea – ou seja, mais rápido do que 95% das estrelas nas cercanias do Sol.
Ainda assim, o fato de o objeto ter mantido sua integridade a uma velocidade de impacto de 45 quilômetros por segundo, após tombar de uma altura de 17 quilômetros acima do Oceano Pacífico, sugeriria que ele se compõe de materiais extremamente resistentes, pelo menos muito mais do que as 272 rochas especiais documentadas pela Nasa no catálogo de meteoritos de seu Centro de Estudos de Objetos Próximos da Terra (CNEOS).
Apesar de não dispor de provas que confirmem essa hipótese, em seu website para o Projeto Galileo, Avi Loeb sustenta que o IM1 poderia ter origem artificial: “Encontrar a primeira e a segunda formiga numa cozinha é alarmante, pois implica que há muitas outras por aí afora. Uma taxa de detecção de uma vez por década para objetos interestelares de um metro implica que, em qualquer momento dado, há alguns milhões deles na órbita terrestre em torno do Sol. Alguns podem representar lixo espacial tecnológico de outras civilizações.”
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