Na última terça-feira (25), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou uma resolução no Diário Oficial da União que proíbe a importação, fabricação, manipulação, comercialização, propaganda e a utilização de produtos à base de fenol em procedimentos de saúde em geral ou estéticos.
O QUE ACONTECEU?
- A decisão ocorre após a morte de um jovem de 27 anos em São Paulo que teve complicações geradas por um peeling de fenol. O homem fez o procedimento em uma clínica estética e a responsável pelo procedimento não tinha especialidade ou autorização para fazer esse tipo de peeling.
- A Anvisa informou, por meio de nota, que a proibição tem o intuito de zelar pela saúde e pela integridade física da população e disse que uma vez que, até o momento, não foram apresentados à agência estudos científicos que comprovem a eficácia e segurança do produto fenol para uso em procedimentos estéticos.
“A determinação ficará vigente enquanto são conduzidas as investigações sobre os potenciais danos associados ao uso desta substância química, que vem sendo utilizada em diversos procedimentos invasivos”,considera a Anvisa.
Em entrevista à Band, a médica dermatologista Dani Maia, explica sobre os prós e contras da proibição e defende que o procedimento precisa ser realizado em um ambiente hospitalar com a monitorização clínica do paciente para que possa reverter essas situações. Ela diz que os principais riscos do fenol na pele são os riscos cardiotóxicos, que podem levar a arritmias cardíacas. Há também os riscos nefrotóxicos que podem causar problemas renais, principalmente a insuficiência renal aguda, além dos neurotóxicos que podem levar a um rebaixamento do nível de consciência.
“O peeling de fenol é um procedimento cirúrgico, é um procedimento seguro desde que seja feito em ambientes cirúrgicos, então a gente precisa estar com o paciente monitorizado, frequência cardíaca e pressão. O paciente não pode ter nenhum tipo de problema renal, nem arritmias cardíacas, alterações clínicas importantes que tornem o procedimento com algum risco para a saúde dele. Então, ele é um procedimento seguro desde que seja realizado num ambiente adequado com monitorização do paciente e se avaliando toda a parte clínica do paciente associado a isso.”, avalia.
BENEFÍCIOS
- De acordo com a dermatologista, os principais benefícios do peeling são a atuação em todas as camadas da pele que gera um rejuvenescimento, melhora das rugas, melhora as cicatrizes de acne e melhora de manchas, cicatrizes, resultando em uma qualidade de vida para o paciente.
MALEFÍCIOS
- Por ser um procedimento profundo, o peeling requer um tempo de recuperação grande com média de pelo menos duas semanas. E para que volte a ter a pele totalmente recomposta, a média é de dois meses a três meses. Caso o procedimento não seja realizado por um profissional competente com todos os processos de avaliação clínica do paciente, há diversos malefícios à saúde, inclusive a morte.
VULGARIZAÇÃO DE PROCEDIMENTOS ESTÉTICOS
Segundo a dermatologista, para muitos especialistas, a decisão penaliza tanto os especialistas quanto os pacientes devido à vulgarização dos procedimentos estéticos. Para ela, os procedimentos são invasivos e precisam ser realizados por profissionais que possam fazer a avaliação correta clínica do paciente e reverter alguma situação negativa que esse procedimento possa causar.
“Eu não achei a proibição correta. Acredito que deve haver da Anvisa uma fiscalização e uma padronização dos profissionais que podem realizar esse tipo de procedimento e não uma proibição, já que é um procedimento consagrado e que já foi realizado há muito tempo. Mas, o que vem acontecendo atualmente é isso, a vulgarização, e banalização dos procedimentos estéticos e dentre eles o fenol. Por isso, a gente está vendo grandes alterações com repercussões negativas para a população.”, finaliza.