Com a chegada do penúltimo mês do ano, a campanha Novembro Azul ganha notoriedade por estimular que os homens fiquem atentos aos sinais de um possível câncer de próstata. Entretanto, especialistas como o médico urologista e professor do curso de Medicina da Universidade Potiguar (UnP), Arnaldo Santiago, acreditam que os cuidados podem e devem ir além.
Em um cenário preocupante, no qual um homem morre a cada 38 minutos devido ao câncer de próstata, e apenas 32% dos indivíduos acima de 40 anos se consideram muito preocupados com a sua própria saúde, é imprescindível uma mudança de hábitos. Os dados são do Instituto Nacional do Câncer (Inca) e da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), respectivamente.
“Os homens, mesmo assintomáticos, devem procurar o urologista a partir dos 50 anos”, alerta Arnaldo. Caso tenham fatores de risco para câncer de próstata (história familiar e raça negra), o rastreamento para essa doença deve se iniciar a partir dos 45 anos”, explica o docente.
Para além dos perigos do câncer de próstata, outro tipo de neoplasia maligna é bastante comum entre os indivíduos brasileiros, e está diretamente ligada à falta de higiene íntima: o câncer de pênis. Em 2022, o Brasil registrou 1.933 casos deste câncer com 459 amputações, ainda de acordo com a SBU.
“Geralmente, uma lesão na região genital é a primeira manifestação do câncer de pênis, que pode vir acompanhada de coceira, mau odor e queimação. A fimose, que impossibilita a higiene genital, é um fator de risco determinante para câncer de pênis. Portanto, propiciar condições que permitam adequada higienização, como realização de cirurgia de circuncisão, podem auxiliar na prevenção”, frisa.
Puberdade
Atualmente, de acordo com Arnaldo, há uma tendência a se incentivar que os homens façam uma primeira consulta com o urologista ainda na puberdade. Essa é uma medida positiva e que pode significar um futuro sem doenças graves.
“Assim como as meninas são estimuladas a serem levadas para a primeira consulta ao médico ginecologista, os pais podem fazer o mesmo com os meninos, no urologista, no intuito de se avaliar o desenvolvimento sexual e de se orientar sobre práticas sexuais seguras, prevenção de doenças venéreas e vacinação para HPV”, orienta o profissional.
Prevenção
Segundo Santiago, o câncer de próstata é uma doença silenciosa, no estágio inicial, e o diagnóstico nessa fase está diretamente ligado a altas taxas de cura, diferentemente do diagnóstico em uma fase avançada (metastática) em que a cura não é mais possível.
“Já o câncer de pênis, que pode haver a amputação do órgão, tem uma íntima relação com a fimose e más condições de higiene. Essas situações podem ser diagnosticadas em uma simples consulta com o urologista e resolvidas de forma cirúrgica com a circuncisão. É preciso superar os estigmas de que homem não se cuidam, não vão ao médico, para que a incidência dessas doenças diminua e os casos fatais também”, finaliza o professor de Medicina da UnP, Arnaldo Santiago, cujo curso é parte integrante da Inspirali, melhor ecossistema de educação em saúde do país.