Das cerca de 50 pessoas que se abrigaram em um bunker após uma rave promovida por brasileiros perto da Faixa de Gaza ser interrompida pelo ataque do Hamas, seis saíram vivas. Uma delas, o brasileiro Rafael Zimerman, contou à BandNews FM como foi o “inferno” de cinco horas que viveu entre o soar das sirenes e das explosões até o momento em que conseguiu ser resgatado.
Assim que a direção da festa emitiu um alerta vermelho, orientando as pessoas que buscassem abrigo, houve uma correria geral. Rafael e mais dois amigos apertaram o passo em busca de uma carona. Um deles, conforme relatou na entrevista, chegou a servir o exército e guiou o grupo em busca de um “bunker”. Os três conseguiram um carro e, dois minutos depois, estavam em um local construído para resistir aos ataques aéreos. O que eles não esperavam é que a invasão do Hamas era também por terra.
“Eles começaram a atacar o bunker. Nós estávamos no fundo. Eles atiravam, jogavam granadas e bombas de gás e eu só comecei a rezar”, conta. Segundo ele, haviam dois policiais israelenses em frente ao local: “eu ouvia tudo que eles falavam pelo rádio e em um certo momento eu entendi que eles foram mortos. Os terroristas comemoraram atirando para cima e, nesse momento, todos entraram em desespero. Entendemos que era nosso fim, a gente ia morrer e não tinha o que fazer”.
Ele relata que em menos de 30 segundos já não conseguia respirar direito: “as pessoas ficaram muito desesperadas, uma menina que eu não conhecia começou a me morder, provavelmente em um ataque de pânico. As pessoas começaram a ficar loucas e a morrer sufocadas”, relata o brasileiro, que acredita ter sobrevivido graças a um trabalho de concentração: “eu segurava a respiração e, quando dava, respirava dentro da camisa. Mas, mesmo assim, eu tinha certeza de que iria morrer”, afirma.
Em um determinado momento, Rafael resolveu se fingir de morto: “eu me esparramei sobre os corpos, por horas, parado, fingindo que estava morto, mas eu queria ser atingido. Eu queria que acabasse, foi um inferno. Eu só queria que acabasse”, disse.
Após cerca de cinco horas, Rafael foi abordado por um civil, que percebeu que ele estava vivo e o mandou sair do bunker. A essa altura, policiais israelenses já estavam no local. Das cerca de 50 pessoas que conseguiram escapar da rave, segundo Rafael, apenas ele e outras cinco saíram vivas do abrigo, incluindo a amiga que estava com ele. O outro colega ainda está desaparecido.
Rafael conseguiu atendimento médico na cidade de Haifa, para onde foi transferido de helicóptero, recebeu alta e já está em casa. Na festa rave em que eles estavam, as autoridades encontraram mais de 250 corpos.
Band