A cantora Rita Lee morreu aos 75 anos. A artista enfrentou um câncer de pulmão nos últimos anos. Em nota nas redes sociais, a família da ‘Rainha do Rock’ informou que ela faleceu na noite de segunda-feira (8), em São Paulo, ao redor do “amor de toda a família, como sempre desejou”.
Na nota, a família informa que o velório será aberto ao público, no Planetário do Parque Ibirapuera, na quarta-feira (10). O velório ocorrerá das 10h às 17h. O corpo de Rita Lee será cremado e a cerimônia será particular.
Rita Lee já havia comentado sobre a morte, em tom bem-humorado. “Quando morrer, posso imaginar as palavras de carinho de quem me detesta. Algumas rádios tocarão minhas músicas sem cobrar jabá. Fãs, esses sinceros, empunharão meus discos e entoarão ‘Ovelha Negra’, as TVs já devem ter na manga um resumo da minha trajetória. Nas redes virtuais, alguns dirão: ‘Ué, pensei que a véia já tivesse morrido”, escreveu, na autobiografia da cantora.
Rita Lee é a Rainha do Rock
Rita Lee nasceu e cresceu em São Paulo. Na adolescência, a artista começou a se interessar por música e em 1963 começou a carreira no Teenage Singers, com pequenos shows em festas colegiais. Três anos depois, ela entrou na banda Os Mutantes, cantando ao lado de Arnaldo Baptista e Sérgio Dias.
A banda fez grande sucesso em festivais de música popular brasileira e, acompanhada dos componentes, Rita Lee fez álbuns solo. Em 1972, Rita saiu do grupo e se consagrou nacionalmente com a banda Tutti Frutti e em carreira solo, ao lado do marido e companheiro até o fim, Roberto de Carvalho.
Dona de um estilo próprio e por vezes irônico, deixou a sua marca em grandes hits como “Ovelha Negra”, “Lança Perfume”, “Era Venenosa”, “Mania de Você” e tantos outros.
Um dos momentos mais importantes do início da carreira foi durante a passagem pela banda Mutantes, em meados dos anos 60 e início da década seguinte, que fez história no cenário musical brasileiro ao mesclar rock progressivo com o tropicalismo. A saída da cantora da banda foi turbulenta, uma vez que ela foi expulsa do grupo após divergências artísticas e com Arnaldo Baptista – um dos integrantes e com quem ela era casada.
Após a saída dos Mutantes, Rita formou uma dupla feminina com Lúcia Turnbull – As Cilibrinas do Éden. Na sequência, entrou para o grupo Tutti Frutti nos anos 1970. Foi nessa época que ela conheceu o seu grande amor, o compositor e multi-instrumentista Roberto de Carvalho, com quem esteve casada por mais de 40 anos e pai de seus três filhos.
Rita e Roberto também formaram uma importante parceria musical, o que deu origem a clássicos como “Lança Perfume”, “Nem Luxo, Nem Lixo” e “Banho de Espuma” e outros hits que os levaram ao sucesso até mesmo internacional.
Ao longo da carreira, a cantora, vista como transgressora, revolucionou o gênero ao tratar de temas tratados como tabus, como menstruação, sexo, drogas. Uma das maiores artistas do Brasil, Rita Lee teve uma importância para além da música, trazendo um discurso de empoderamento feminino seja nas composições ou mesmo em entrevistas.
Crítica e direta ao ponto, a cantora falou em sua autobiografia sobre feminismo e o que pensava dos rumos do movimento. “O que mais se vê é um feminismo chauvinista do vamobotáozmachoprafudê, desviando a artilharia do que é mais importante: salários iguais e o direito sobre o próprio corpo”, declarou.
Além do cabelo ruivo
Nos últimos anos, Rita Lee se cansou de manter os cabelos ruivos e aderiu ao grisalho. É claro que, tratando-se da cantora, a coloração dos fios refletia o comportamento autêntico da artista. O ruivo nasceu após a polêmica saída dos Mutantes.
“Na fase Mutantes, minha borboleta era loira. Depois que fui expulsa da banda, para ensolarar mais a cabeça, fui bundar em Londres e lá mergulhei as madeixas na henna marroquina e ruivei. Quando os cabelos começaram a embranquecer, a henna não pegava mais… E como sempre fui eu mesma quem pintava, parti para várias tintas vagabundas”, afirmou ela em entrevista à Revista Quem, em 2015.
Rita só se aposentou em 2012 e seguiu em outros projetos. A cantora descobriu um câncer de pulmão em 2021 e entrou em remissão em abril de 2022. Em fevereiro deste ano, Rita foi internada com quadro delicado e fez exames e avaliações.
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