Produzido na Serra de Martins, rótulo potiguar ganha selo do Ministério da Agricultura e abre caminho para comercialização nacional e internacional.
O Rio Grande do Norte acaba de entrar oficialmente para o cenário da viticultura brasileira. O estado lançou seu primeiro vinho com registro no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), resultado de uma iniciativa pioneira da Destilaria Serra de Martins, localizada na região serrana do Alto Oeste potiguar.
A produção artesanal, com menos de 1.000 litros por safra, conta com apoio técnico do Sebrae-RN e é considerada uma operação boutique, voltada para a qualidade e identidade local. O novo rótulo chega ao mercado em três versões: tinto seco (Syrah), branco meio-seco (Lorena) e rosé-suave (blend das uvas Lorena e Vitória).
Apesar do clima de altitude favorável da Serra de Martins, o caminho até a regularização foi marcado por desafios, como a escassez de água e a falta de mão de obra especializada. A empreendedora Alice Monteiro, que comanda a destilaria, destaca o registro como uma conquista histórica.
“É a coroação de anos de dedicação e superação. Muitos viam como improvável, mas mostramos que é possível produzir vinho no sertão potiguar”, afirmou.
A origem do projeto remonta à experiência da destilaria na fabricação de cachaças e runs. Com apoio do programa Sebraetec, a ideia de investir em vinho foi estruturada desde o início com orientação técnica, incluindo adequações sanitárias, design de embalagens, registro de marca no INPI e cumprimento de exigências legais para a comercialização.
O lançamento oficial do vinho ocorreu durante a 17ª edição do Festival Gastronômico e Cultural de Martins, com degustações no Espaço Sebrae, e gerou repercussão entre visitantes de outros estados e até do exterior. Segundo o Sebrae, o feito pode impulsionar novos empreendedores a investir na cultura da uva no RN.
“O registro no Mapa chancela a qualidade do produto e valoriza toda a região. É um divisor de águas”, avaliou Renato Gouveia, gerente da Agência Sebrae no Alto Oeste.
Com o aval do Mapa, os vinhos potiguares agora estão liberados para comercialização em todo o território nacional e também para exportação. O próximo passo da destilaria é planejar uma expansão estratégica e sustentável da produção.
“Comprovamos que é viável desenvolver um modelo de negócio inovador em uma região fora do eixo tradicional da viticultura. Agora, queremos crescer com responsabilidade”, finalizou Alice Monteiro.
Com informações de Tribuna do Norte.