Com o objetivo de conscientizar sobre o câncer infantojuvenil, o Setembro Dourado busca alertar pais, profissionais de saúde e a sociedade em geral sobre a importância de se atentar aos sinais e sintomas sugestivos do câncer em crianças e adolescentes. Quando diagnosticado precocemente, o câncer infantojuvenil apresenta 80% de probabilidade de cura, segundo estimativa do Instituto Nacional de Câncer (INCA).
O câncer corresponde a um grupo de doenças que têm em comum um aumento descontrolado de células anormais, podendo ocorrer em qualquer local do organismo. No Brasil, assim como nos países desenvolvidos, o câncer se apresenta como uma das principais causas de morte por doença entre crianças e adolescentes de 0 a 19 anos (8% do total). O INCA estima que para cada ano do triênio 2020/2022, sejam diagnosticados no país mais de 9 mil novos casos de câncer em crianças e adolescentes de 0 a 19 anos.
Nas últimas quatro décadas, o progresso no tratamento do câncer na infância e na adolescência foi extremamente significativo e o diagnóstico em fase inicial possibilita um tratamento menos agressivo, preservando a qualidade de vida dos pacientes.
Em 2020, ano de início da pandemia da clCovid-19, foram registrados, no Rio Grande do Norte, 50 casos novos de câncer diagnosticado na faixa etária de 0 a 19 anos, o que representa uma redução de 58,33% em relação ao ano de 2017, quando houve 120 casos novos registrados. Observa-se, ainda, que em 2019, quando foram notificados 57 casos novos, essa redução já estava presente (52,50%), ao se comparar com o ano de 2017.
A avaliação da epidemiologia do câncer infantojuvenil no RN revela que a maioria (51,44%) das crianças e adolescentes diagnosticados com câncer, no período de 2015 a 2020, era do sexo masculino, na faixa etária 0 a 19 anos. Considerando a faixa etária entre 0 a 14 anos, esse percentual também se apresenta maior no sexo masculino (51,56%).
A análise por região de saúde mostra que 35,06% dos casos são procedentes de Natal (7ª Região de Saúde) e 17,20% são procedentes de Mossoró (2ª Região de Saúde).
Frequência
Os tumores mais frequentes em crianças e adolescentes são: as leucemias (que afetam os glóbulos brancos), os tumores que atingem o sistema nervoso central, os linfomas (sistema linfático), o neuroblastoma (tumor de células do sistema nervoso periférico, frequentemente de localização abdominal), o tumor de Wilms (tipo de tumor renal), retinoblastoma (afeta a retina, fundo do olho), o tumor germinativo (das células que originam os ovários e os testículos), os osteossarcoma (tumor ósseo) e os sarcomas (tumores de partes moles).
Sinais e sintomas
- Palidez, hematomas ou sangramento, dor óssea;
- Caroços ou inchaços – especialmente se indolores e sem febre ou outros sinais de infecção;
- Perda de peso inexplicada ou febre, tosse persistente ou falta de ar, sudorese noturna,
- Alterações oculares – pupila branca, estrabismo de início recente, perda visual, hematomas ou inchaço ao redor dos olhos;
- Inchaço abdominal;
- Dores de cabeça, especialmente se incomum, persistente ou grave, vômitos (em especial pela manhã ou com piora ao longo dos dias);
- Dor em membro ou dor óssea, inchaço sem trauma ou sinais de infecção;
- Fadiga, letargia, ou mudanças no comportamento, como isolamento;
- Tontura, perda de equilíbrio ou coordenação.
Tratamento
O tratamento corresponde a um trabalho coordenado por uma equipe multidisciplinar (oncologistas pediatras, cirurgiões pediatras, radioterapeutas, patologistas, radiologistas, enfermeiros, assistentes sociais, psicólogos, nutricionistas, farmacêuticos e fisioterapeuta).
Pela sua complexidade, o tratamento deve ser feito em centros especializados e compreende três modalidades principais (quimioterapia, cirurgia e radioterapia), sendo aplicado de forma racional e individualizada para cada tumor, observando as características biológicas e a sua extensão. A atenção integral dada à criança e ao adolescente no seu contexto social e familiar é tão importante quanto o tratamento recebido. A cura não deve se basear somente na recuperação biológica, mas também no bem-estar e na qualidade de vida do paciente, como preconizado pelo INCA.
É importante que os pacientes curados continuem o acompanhamento na clínica de seguimento para possibilitar o reconhecimento precoce e os cuidados apropriados em caso de complicações tardias.