O Brasil acaba de alcançar um marco histórico na transição energética: o Sistema FIERN, por meio do SENAI-RN, recebeu a primeira licença prévia do país para um projeto de energia eólica offshore. A autorização foi concedida pelo Ibama e contempla uma planta-piloto a ser instalada no mar de Areia Branca, no Rio Grande do Norte — estado já protagonista na geração de energia limpa no Brasil.
A cerimônia de emissão da licença ocorreu na terça-feira (24), na sede do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), em Brasília. A autorização permite que o projeto avance para as próximas etapas do licenciamento, sendo válida por cinco anos.
“Este é um marco histórico para o país e, especialmente, para o Rio Grande do Norte”, declarou Roberto Serquiz, presidente da FIERN.
“A conquista posiciona nosso estado na vanguarda da transição energética.”
Sítio de testes: inovação e pioneirismo nacional
O projeto será liderado pelo Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER), braço tecnológico do SENAI-RN. Serão instalados dois aerogeradores com potência somada de 24,5 megawatts (MW), a uma distância de 15 a 20 km da costa. A planta operará como “Sítio de Testes”, com o objetivo de avaliar o desempenho de tecnologias offshore em condições brasileiras, especialmente no mar equatorial.
“Essa planta também irá gerar impactos concretos na economia, atrair investimentos e desenvolver uma nova cadeia produtiva,” frisou Serquiz.
A energia produzida abastecerá o Porto-Ilha de Areia Branca — principal ponto de escoamento de sal do país — substituindo o uso de combustíveis fósseis na operação do terminal.
Tecnologia tropicalizada e resposta ambiental
A instalação será feita em mar raso, com profundidade entre 7 e 8 metros e afastada de zonas de pesca e recifes de coral. O objetivo é testar a tropicalização de tecnologias offshore já existentes, adaptando-as à realidade brasileira.
Rodrigo Mello, diretor do SENAI-RN e do ISI-ER, destacou que a iniciativa representa a abertura de caminhos para um setor ainda inexistente no Brasil, mas com grande potencial de crescimento estratégico.
“Essa licença abre uma trilha segura para a energia offshore se instalar no Brasil com menor impacto possível,” afirmou Mello.
Além disso, a equipe do ISI-ER conduzirá estudos para avaliar impactos em fauna marinha, aves, flora, fundo do mar e nas atividades socioeconômicas locais, com foco na criação de conteúdo técnico-científico e capacitação profissional.
Investimento e próximos passos
Está previsto para agosto o lançamento de um edital multicliente, no formato JIP (Joint Industry Project), voltado à atração de investidores. O valor total do investimento será divulgado nessa fase. A expectativa é de que a instalação seja iniciada nos próximos 12 a 18 meses, com a operação completa em até 36 meses.
“A planta vai nos permitir compreender como será a geração de energia no ambiente offshore e como otimizar a performance dos equipamentos diante dos ventos brasileiros,” explicou Rodrigo Mello.
Reconhecimento internacional e potencial para exportação de energia limpa
Representantes de entidades nacionais e internacionais acompanharam a cerimônia. Roberta Cox, diretora do Global Wind Energy Council (GWEC), ressaltou a relevância do projeto:
“Com esse projeto, se inicia a eólica offshore no nosso país. O Brasil tem tudo para se tornar um grande exportador de energia limpa,” destacou Cox.
Marcello Cabral, da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), reforçou:
“Esse passo abre caminho para novos projetos no setor e fortalece a liderança do Rio Grande do Norte na produção de energia renovável.”
Com a licença prévia em mãos, o Instituto SENAI de Inovação agora foca na obtenção da licença de instalação, próxima etapa para transformar esse projeto-piloto em realidade.