A trégua de quatro dias no conflito entre Israel e Hamas iniciou às 2h desta sexta-feira (24). Como parte do acordo, a previsão é que o primeiro grupo de reféns israelenses seja libertado ainda nesta sexta.
O porta-voz do Catar afirmou em pronunciamento que os 13 primeiros reféns, entre mulheres e crianças, serão libertados por volta das 16h do horário local, por volta das 11h no horário de Brasília.
Em contrapartida, um primeiro grupo de 39 crianças e mulheres palestinas de prisões israelenses será liberto nesta sexta-feira, segundo informações da televisão estatal egípcia Al Qahera News.
O acordo entre Israel e o Hamas é o primeiro desde o início do conflito, quando o grupo extremista invadiu o território israelense.
Detalhes do acordo
Os dois lados concordaram com uma trégua de quatro dias para que 50 reféns, mulheres e menores de 19 anos, possam ser libertados em troca de 150 mulheres e adolescentes palestinos detidos em Israel.
Os 50 reféns – que estão entre os cerca de 240 sequestrados pelo Hamas durante seu ataque em 7 de outubro a Israel – deverão ser libertados em grupos, provavelmente cerca de uma dúzia por dia, durante o cessar-fogo de quatro dias.
Um primeiro grupo de 39 crianças e mulheres palestinas de prisões israelenses será liberto nesta sexta-feira, enquanto o Hamas libertará um grupo de 13 reféns, segundo informações da televisão estatal egípcia Al Qahera News.
Isso está conforme a proporção acordada de três palestinos liberados para cada refém liberto, o que foi confirmado nesta quinta-feira pelas Brigadas al-Qasam, o braço armado do Hamas.
As partes do acordo qualificaram a interrupção das hostilidades como “uma pausa humanitária”. Israel afirmou que a trégua será prorrogada por um dia a cada lote adicional de 10 reféns libertados.
O Hamas disse que Israel concordou em interromper o tráfego aéreo no norte de Gaza, das 10h às 16h (horário local) em cada dia da trégua e suspender todo o tráfego aéreo sobre o sul do enclave durante todo o período. O grupo disse que Israel concordou em não atacar ou prender qualquer pessoa em Gaza e que as pessoas poderão circular livremente ao longo da Salah al-Din, principal via usada pelos palestinos para fugirem do norte de Gaza, onde Israel lançou a sua invasão terrestre.
Implementação do acordo
O Comitê Internacional da Cruz Vermelha trabalhará em Gaza para facilitar a libertação dos reféns, informou o Catar. É esperado que os reféns sejam transportados através do Egito, o único país, além de Israel, a ter fronteira com Gaza.
Durante a trégua, caminhões carregados com ajuda e combustível devem atravessar a fronteira para Gaza, onde 2,3 milhões de pessoas sofrem com escassez de comida e muitos hospitais fecharam parcialmente porque já não têm combustível para os seus geradores.
O Catar disse que o cessar-fogo permitiria um “maior número de comboios humanitários e ajuda humanitária” entrem em Gaza, incluindo combustível, mas não deu detalhes sobre as quantidades.
Israel cortou todas as importações de combustível no início do conflito, causando um apagão em todo o território e deixando casas e hospitais dependentes de geradores.
O braço armado do Hamas disse nesta quinta-feira que 200 caminhões de ajuda e quatro caminhões de combustível entrariam diariamente em Gaza.
Quem negociou o acordo?
O Catar desempenha um importante papel de mediação. O Hamas tem um escritório político em Doha, e o governo do Catar manteve canais de comunicação abertos com Israel, embora, ao contrário de alguns outros países árabes do Golfo, não tenha normalizado os laços com Israel.
Os Estados Unidos também têm um papel crucial, com o presidente americano, Joe Biden, tendo conversado com o emir do Catar, Hamad bin Khalifa al-Thani, e Netanyahu nas semanas que antecederam o acordo.
O Egito, o primeiro Estado árabe a assinar um acordo de paz com Israel e que desempenha um papel de mediação ao longo das décadas de conflito entre Israel e palestinos, também esteve envolvido.
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