O transporte ferroviário urbano da Grande Natal enfrenta uma ameaça real de paralisação total a partir de julho deste ano. A Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) alertou o Ministério das Cidades sobre a insuficiência de recursos para manter as operações em 2025, o que pode impactar não só o sistema potiguar, mas também os serviços nas cidades de Recife (PE), João Pessoa (PB) e Maceió (AL).
Segundo um ofício assinado pelo diretor-presidente da CBTU, José Marques, o orçamento aprovado para 2025 é de R$ 165 milhões — valor considerado muito abaixo dos R$ 260 milhões necessários para garantir o funcionamento adequado até dezembro. A companhia afirma que a escassez orçamentária já vem afetando diretamente a qualidade dos serviços, com falhas nas manutenções, deterioração de equipamentos e risco à segurança das operações.
Durante visita realizada pela reportagem à Estação Natal, no bairro da Ribeira, foi notada a baixa movimentação de passageiros, reflexo de um sistema que opera com horários limitados e sem fluxo contínuo. A estrutura da estação apresenta sinais claros de necessidade de manutenção, como catracas danificadas, reforçando a urgência da situação. A malha ferroviária da Grande Natal atende a diversos municípios da região metropolitana, como Ceará-Mirim, Extremoz, Parnamirim, Nísia Floresta, além da própria capital.
Em nota oficial, a CBTU confirmou ter enviado ao Ministério das Cidades um estudo técnico detalhado solicitando a recomposição do orçamento. A pasta, por sua vez, informou ter encaminhado o pedido ao Ministério do Planejamento, que ainda não deu retorno. “O Ministério está em tratativas sobre o tema junto às instâncias superiores competentes, buscando assegurar que não haverá descontinuidade na prestação dos serviços nem prejuízos à população”, destacou o comunicado.
O documento enviado ao governo federal também alerta para os impactos sociais e operacionais de uma possível paralisação: demissões em massa, prejuízo financeiro, depredação de patrimônio público e dificuldades para retomar as atividades após um período de inatividade. A situação é considerada crítica.
“Se mantido o limite orçamentário aprovado para 2025, iniciaremos um protocolo de paralisação já a partir de JULHO/2025, com fechamento total dos quatro sistemas da CBTU até o final de agosto”, afirma o ofício.
A previsão orçamentária para 2025 representa uma redução significativa em relação a 2024, quando foram liberados R$ 216 milhões — ou seja, uma queda de R$ 51 milhões.
Enquanto a definição sobre a recomposição orçamentária não chega, o futuro do transporte ferroviário urbano em Natal permanece incerto. Se nenhuma medida for adotada a tempo, milhares de usuários que dependem do serviço poderão ficar sem alternativa de mobilidade a partir do segundo semestre.