Mais uma tartaruga marinha foi encontrada morta na Praia do Centro, em Tibau do Sul, nesta quarta-feira (22), aumentando a preocupação de ambientalistas e moradores sobre a situação da fauna marinha no litoral sul do Rio Grande do Norte.
“O animal foi atendido pela nossa equipe, que é responsável pela área, ainda pela manhã. Bem, podemos ter aí uma interação direta desse animal com rede de pesca. Trata-se de uma tartaruga-cabeluda adulta. Essa espécie se alimenta um pouco mais afastada da costa, pois tem como alimento predileto crustáceos como lagostas, moluscos, entre outros”, explicou Eduardo Lima, coordenador da Fundação Projeto Tamar.
Ainda de acordo com Eduardo Lima, embora a principal área de desova da tartaruga-cabeluda esteja localizada no norte da Bahia e norte do Rio de Janeiro, o litoral potiguar abriga outra espécie prioritária para a conservação:
“No estado do RN, a principal espécie é a tartaruga-de-pente. Tibau do Sul é a principal área de desova da tartaruga-de-pente do Atlântico Setentrional. A Fundação Projeto Tamar monitora toda essa área, incluindo a Praia de Malembá e Baía Formosa, desde 2002.”
Este é o segundo caso registrado em menos de um mês. No dia 22 de setembro, uma tartaruga-verde adulta de grande porte foi encontrada morta na Praia do Amor, em Pipa, também no município de Tibau do Sul. A carcaça do animal chamou atenção de turistas e moradores, e o resgate foi realizado pela Fundação Projeto Tamar, que também foi responsável pelo enterro da tartaruga.
Segundo a equipe do Tamar, o animal apresentava sinais de interação com a pesca, uma das principais causas de morte de tartarugas marinhas no Brasil e no mundo. A fundação informou que o caso está sendo analisado por pesquisadores para identificar com mais precisão as causas do óbito.
A ocorrência está dentro do chamado período de temporada de encalhes, quando é comum o aumento no número de tartarugas encontradas debilitadas ou mortas nas praias da região. Esse fenômeno costuma coincidir com fatores como mudanças climáticas, correntes marítimas e maior atividade pesqueira.
A morte recorrente desses animais acende um sinal de alerta sobre a urgente necessidade de intensificar ações de proteção, fiscalização ambiental e educação pública voltadas à preservação da vida marinha. Especialistas defendem maior controle sobre práticas de pesca irregular, descarte de resíduos no mar e ocupações costeiras sem planejamento.
As tartarugas marinhas estão entre as espécies mais ameaçadas do oceano, e o litoral potiguar é considerado uma área de grande importância para sua alimentação e reprodução. Casos como esses reforçam o apelo por políticas mais eficazes de conservação e pela mobilização da sociedade em prol do meio ambiente.