Um veterinário está sendo investigado após afirmar, em vídeo, que induziu uma parada respiratória em um cachorro como parte de uma demonstração para estudantes de medicina veterinária. O caso ocorreu em Mossoró, durante um evento promovido por uma universidade particular, e está sendo analisado tanto pela instituição de ensino quanto pelo Conselho Regional de Medicina Veterinária do Rio Grande do Norte (CRMV-RN).
As imagens, gravadas na última sexta-feira (25), mostram o profissional explicando o procedimento aos alunos. O vídeo viralizou nas redes sociais e gerou forte reação de defensores da causa animal e entidades do setor.
“O que foi que aconteceu? Na verdade, eu apliquei a medicação de uma forma a fazer…. eu provoquei uma parada respiratória nele só pra poder mostrar isso aqui para vocês”, diz o veterinário no vídeo.
Apesar da declaração registrada, o médico-veterinário Saul Dias Cortez negou, nesta segunda-feira (28), que tenha realmente provocado a parada respiratória no animal. Ele afirmou estar em contato com advogados para esclarecer a situação.
“O animal está bem. Ele não teve nenhuma complicação, não teve nada, não teve nenhuma sequela. Ele foi sedado e logo em seguida ele acordou e sempre esteve bem. Ele não teve nenhuma complicação por nada. Não foi feito nenhum procedimento de reanimação no animal, não houve parada cardíaco nem pulmonar, como estão falando”, declarou Cortez. No entanto, o veterinário não explicou por que afirmou no vídeo ter provocado a parada respiratória.
A universidade particular informou, por meio de nota, que o profissional não integra seu corpo docente. A instituição também declarou que repudia quaisquer práticas que possam configurar maus-tratos a animais.
“Ao término da análise, a Universidade adotará todas as medidas cabíveis. A UnP permanece à disposição das autoridades competentes e reforça seu compromisso com a ética, o respeito à vida animal e a formação responsável dos seus alunos”, afirmou. O veterinário, por sua vez, declarou que a universidade estava ciente da participação do animal na atividade.
Já o CRMV-RN informou que abriu uma apuração para investigar o ocorrido, respeitando os limites legais de sua atuação. “O Conselho reitera seu compromisso com a ética profissional, com a responsabilidade no exercício da medicina veterinária e, sobretudo, com a defesa do bem-estar animal em todas as esferas de atuação. Providências serão tomadas com responsabilidade, seguindo os trâmites legais, sempre garantindo o devido processo legal, a ampla defesa e o contraditório”, informou em nota.
Devido à repercussão do caso, a Comissão de Meio Ambiente e Proteção Animal da Câmara Municipal de Mossoró realizou uma reunião nesta segunda-feira (28) com representantes de entidades protetoras de animais. Os vereadores anunciaram que irão enviar um ofício ao CRMV-RN solicitando esclarecimentos e acompanharão o desdobramento das investigações.
Confira a nota da instituição na íntegra:
Nota de Esclarecimento – Universidade Potiguar (UnP)
Em atenção aos questionamentos recebidos, a Universidade Potiguar (UnP) reitera que repudia veementemente qualquer prática que configure maus-tratos aos animais e reafirma o seu compromisso com uma formação ética e responsável dos seus alunos.
Conforme apurado pela IES, o procedimento divulgado nas mídias sociais foi conduzido por um veterinário convidado — que não integra o quadro de colaboradores da Instituição — e o animal utilizado na atividade foi levado pelo próprio convidado. A Instituição afirma que foi realizada uma avaliação do ocorrido por quatro médicos veterinários da UnP, que confirmaram que não houve qualquer prática de indução à parada cardiorrespiratória do animal. Além disso, o cachorro já foi examinado pelos veterinários responsáveis após a realização do procedimento e se encontra bem, em perfeito estado de saúde.
A UnP permanece à disposição das autoridades competentes e reafirma o seu compromisso com a sociedade em favor da promoção do bem-estar, proteção e cuidado com os animais.