As variações extremas e recordes de temperaturas, com calores intensos seguidos de quedas bruscas de temperatura, têm refletido negativamente no comércio de verduras, frutas e hortaliças, que sofrem com esta alta variabilidade climática e ficam mais vulneráveis e frágeis. Consequentemente, as perdas desses alimentos aumentam em todos os elos da cadeia, desde a produção e logística ao consumidor final.
Com isso, os cuidados no cultivo, transporte, armazenagem e estoque precisam ser revistos, impactando no valor dos alimentos frescos. De acordo com o IBGE, a inflação em dezembro, no subgrupo Alimentação no domicílio subiu 1,34%. Os destaques foram a batata-inglesa (19,09%), feijão-carioca (13,79%), arroz (5,81%) e frutas (3,37%). Já o IPEA fez uma projeção de safra 2,8% menor que a registrada em 2023, impactada pelos efeitos do El Niño.
As ondas de calor previstas no primeiro quadrimestre de 2024 também podem prejudicar as plantações de tubérculos, verduras, legumes e frutas, desta forma, as altas projetadas para os alimentos, neste ano, são de 3,9% no IPCA e de 4,1% no INPC.
Um dos principais fatores que o aumento das temperaturas influencia é a aceleração do amadurecimento das frutas. Essa durabilidade mais curta impacta em toda a cadeia, necessitando de uma maior celeridade entre as etapas e adaptações no transporte e armazenamento. Um exemplo, para o setor varejista, é uma atenção redobrada à quantidade a ser comprada de produtos frescos, uma vez que, com o calor, ter grandes quantidades de estoque não alinhados com a demanda e que se deterioram mais rapidamente, podem significar perdas expressivas.
Uso da inteligência artificial
Em cenários atípicos como estes fica ainda mais claro como é importante para o varejo fazer uma boa gestão de estoque e dos pedidos, porém métodos convencionais podem não ser eficazes para lidar com a complexidade. É por isso que novas soluções que incluem modelos de inteligência artificial para fazer previsões e otimizações estão nascendo, uma vez que esse tipo de tecnologia consegue lidar com múltiplas variáveis e simular diversos cenários para chegar nas melhores decisões.
Este é o caso da Aravita que, reconhecendo a importância e a complexidade da boa gestão de alimentos frescos em supermercados, usa modelos de machine learning para recomendar o “pedido perfeito”, considerando inúmeras variáveis que afetam a demanda, as características quantitativas e qualitativas do estoque, e o funcionamento da cadeia de abastecimento.
“As condições climáticas e sazonais desempenham um papel crucial na gestão de alimentos frescos, impactando a demanda, qualidade e disponibilidade dos produtos”, explica Aline Azevedo, co-fundadora e diretora de Produtos da Aravita. Além das variáveis de clima, a solução da Aravita concilia informações internas da rede varejista – como histórico de vendas, planograma, planejamento de promoções – com diversas variáveis externas como datas comemorativas, indicadores macroeconômicos, preços da concorrência, entre outras – tudo isso aplicado a cada loja e cada categoria de produto. Ao otimizar as quantidades a serem compradas, existe uma diminuição simultânea do desperdício e da falta de produtos, minimizando custos desnecessários e perdas de vendas, desta forma aumentando o lucro de nossos clientes.
Segundo a FAO, agência especializada das Nações Unidas que lidera os esforços internacionais para derrotar a fome, mais de 45% de todas as frutas e legumes produzidos no mundo são descartados, o que a torna a categoria com maior desperdício no mundo. Enquanto as soluções atuais são eficazes para produtos industrializados (embalados e com códigos de barras), justamente o setor que mais sofre com as intempéries climáticas e com o desperdício, tem poucas soluções específicas, com avaliação quanti e qualitativa dos elementos que influenciam sua venda e a durabilidade.
“Estamos em um momento crítico do planeta, em que essas variabilidades climáticas só tendem a aumentar. Quando você tem condições climáticas nunca vistas, o impacto na durabilidade de frutas, verduras e legumes fica imprevisível e a chance de aumentar o desperdício e, logo, os custos de uma operação, é ainda maior”, afirma Aline Azevedo.
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