Vencer o MasterChef Brasil desta terça-feira, 15, não foi tarefa fácil para Salvador, de 58 anos. Experiente no fogão de casa, em Taubaté (SP), cozinhar faz parte de sua rotina, mas estar sob pressão, com tempo cronometrado e na frente de tantas câmeras, parecia um pesadelo para o competidor que, alguns dias antes da gravação do episódio, chegou a pensar em desistir. Bastou uma dose extra de coragem e incentivo para que o paulista encarasse seus medos e saísse vitorioso do programa, levando para casa o 10º troféu da temporada. Emocionado com o resultado de seu peixe na crosta de sal, Salvador, mesmo desempregado, fez questão de doar o prêmio de R$ 5 mil para alguma instituição de caridade, seguindo o exemplo do talent show.
Em entrevista ao Portal da Band, o administrador de empresas, demitido por causa da pandemia, disse que o fator social da 7ª edição do MasterChef foi fundamental quando decidiu fazer sua inscrição. Por isso, a ideia de doar a quantia já havia sido planejada. “Não entrei no programa pelo dinheiro. É claro que ele seria importante porque não estou trabalhando e não tenho uma reserva financeira, mas tem gente que está passando por uma situação ainda mais delicada do que a minha e é preciso ajudar quem precisa”, pontua.
Apesar da atitude nobre, a vitória de Salvador só foi possível graças ao que ele chama de seu “fã-clube”, composto pela esposa, Ana Paula, com quem é casado há 15 anos, e pelos filhos, Ana Beatriz, Gabriela e Eduardo. Foram eles que insistiram para que o cozinheiro participasse do programa e, sem o incentivo, ele provavelmente teria desistido quando soube que foi selecionado. “Estava levando tudo na brincadeira, mas, quando passei, fiquei muito tenso e disse que não queria mais. Não sei fazer algumas coisas, como sobremesas, e isso me preocupou. Tinha medo de me expor e de passar vergonha.”
O ponto alto da discussão em casa, que mudou o pensamento do paulista, foi quando disse à esposa que não iria participar e ela ficou sem falar com ele por 2 dias. No mesmo período, uma discussão com a filha, Ana Beatriz, amoleceu seu coração. “Ela me chamou de covarde e isso me incomodou muito. Depois, quando mudei de ideia, a Bia escreveu uma cartinha pra mim dizendo que eu a ensinei a enfrentar tudo na vida e deveria lidar com isso. Trouxe a carta como amuleto para o programa e não tirei do bolso, foi uma coisa que mexeu comigo, tinha até um desenho do Jacquin dizendo que a minha comida estava saborosa”, conta emocionado ao dedicar o prêmio à família.
Entre as lembranças mais antigas do vencedor, estão os almoços de domingo na casa da avó, Lygia, que sempre preparava macarronada enquanto o neto a auxiliava ainda criança, aos 6 anos. Foi observando os momentos de união e alegria que só a comida consegue proporcionar que Salvador pegou gosto pela coisa e passou também a ajudar o pai a pescar e preparar frutos do mar. Quando teve filhos, passou a preparar, a cada aniversário, a comida favorita de cada um, tradição que mantém até hoje.