A diferença do resultado das urnas para as pesquisas chamou a atenção nestas eleições. Os votos tanto no presidente Jair Bolsonaro (PL) como em alguns candidatos apoiados por ele ficaram bem acima do que indicavam os últimos levantamentos.
A maioria das pesquisas para presidente apontava que Lula (PT) poderia vencer no primeiro turno considerando as intenções de votos válidos e dentro da margem de erro. A vantagem variava de 7 até 18 pontos. Jair Bolsonaro aparecia com menos de 40% das intenções. Mas o resultado das urnas para o atual presidente acabou sendo superior. O diretor do Paraná Pesquisas, que apontava números mais próximos do que se viu na votação, comentou sobre a diferença.
“Nós nos apegamos muito durante a eleição, trabalhamos muito em todos os estados do país, e tínhamos muito claramente os resultados regionais. Então, a gente via em alguns estados, algumas distorções grandes em outros institutos de pesquisas. Como eu sempre falei, em todas as entrevistas que a gente deu, que existia uma distorção muito grande nos estados do Sul, onde o Bolsonaro ganhava de 15 a 20% das pesquisas que a gente fazia e em outras pesquisas, empate. Então, estávamos muito a par”, disse.
Em São Paulo, Fernando Haddad do PT, aparecia na última pesquisa divulgada pelo Ipec com 41% dos votos validos e Tarcisio de Freitas (Republicanos), 10 pontos percentuais atrás. Com o fim da apuração as posições se inverteram. Tarcísio teve 42,3% dos votos e Haddad 35,7%.
“Eu me bato com isso, tenho artigo publicado, pesquisa não é prognóstico. A pesquisa deveria ser apresentada com todo cuidado, didatizando o eleitor, ‘olha…isso pode ter movimento, tem a terceira via, tem a abstenção, tudo isso pode afetar’, depois apresenta o resultado”, explicou o cientista político Antonio Lavareda.
A decisão para o governo no Rio de Janeiro já no primeiro turno também não foi captada em nenhuma amostragem. Todos os levantamentos apontavam para uma disputa entre os dois primeiros colocados.
Para especialistas, a resistência de eleitores de direita aos institutos de pesquisa e o chamado “voto envergonhado” ajudam a explicar os erros nas projeções deste ano.
Para o CEO da AtlasIntel, Andrei Roman, a amostra de brasileiros de baixa renda foi superdimensionada nas principais pesquisas, e o voto útil pesou na reta final, como por exemplo na disputa presidencial.
“Me parece que muitos eleitores do Ciro Gomes e da Simone Tebet na véspera da eleição, observando que os candidato não tinham chance, quiseram fortalecer o candidato acreditavam que ia vencer a eleição, sendo que me parece que foi mais forte no Bolsonaro, em termos de fazer essa migração”, disse.
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