O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) completa 25 anos de sua criação e busca recuperar o prestígio, a relevância e a grandeza que já teve no passado em meio às polêmicas envolvendo as mudanças no currículo escolar e a queda no número de inscritos registrada nos últimos anos.
Por enquanto, o Enem segue igual. O exame serve para selecionar estudantes para universidades públicas ou particulares por meio do Sisu e ProUni, para obter o financiamento estudantil (Fies) ou até para conseguir uma graduação em uma instituição de Portugal.
O período de inscrição para o Enem 2023 começa nesta segunda-feira (5) e vai até o dia 16 de junho. A taxa custa R$ 85. As provas serão nos dias 5 e 12 de novembro. No primeiro domingo, os candidatos fazem uma redação e respondem a 45 questões de linguagens e 45 de ciências humanas. No segundo domingo, serão 45 questões de matemática e mais 45 de ciências da natureza.
O exame usa a Teoria da Resposta ao Item (TRI) na formulação da prova, que permite que as notas obtidas em edições diferentes do exame sejam comparadas e até mesmo utilizadas para ingresso nas instituições de ensino superior.
História
O Enem foi implementado em 1998 com o objetivo de medir a proficiência dos alunos com o conteúdo do ensino médio. A participação foi pequena: pouco mais de 157 mil estudantes fizeram a prova. A partir de 2009, o exame foi adotado pelas universidades públicas como forma de ingresso nos cursos de graduação.
O auge aconteceu em 2014, quando o Enem teve 8,7 milhões de inscritos, mas, nos últimos anos, esse número foi ficando cada vez menor. Em 2022, foram 3,3 milhões de inscrições.
Ao longo do tempo o Enem, passou por escândalos de fraude e vazamento de provas, foi motivo de discussões políticas diante de supostas ideologia inserida nas questões do exame e, no recentemente, viu fracassar a tentativa de se implantar o Enem Digital. Além dos altos custos (enquanto o Enem tradicional custou R$ 160 por aluno em 2022, o digital custou R$ 860 por inscrito) proposta teve baixa adesão e acabou sendo descartada pelo governo.
Linha do tempo
- 1998: Criação do Enem, que era voluntário e tinha como objetivo medir o domínio dos alunos sobre o conteúdo do ensino médio. Participaram 157 mil inscritos. A prova teve 63 questões e quatro horas de duração.
- 2000: A prova passa a ter cinco horas.
- 2001: Estudantes de escolas públicas ganham isenção da taxa de inscrição. Número de inscritos sobe para 1,6 milhão.
- 2004: Resultado do Enem passa a valer para obtenção de bolsas de estudo do ProUni.
- 2009: A grande mudança do Enem: o Ministério da Educação (MEC) cria o Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e usa o Enem como processo seletivo para cursos de graduação. Prova passa a ter 180 questões e uma redação. Exame passa a ser aplicado em dois dias. Número de inscritos chega a 4,1 milhões.
- 2010: MEC passa a exigir a nota mínima de 450 pontos e nota acima de zero na redação para aprovação no Enem.
- 2011: Exame começa a ser aplicado para pessoas privadas de liberdade (Enem PPL)
- 2013: Nota do Enem passa a ser usada para o programa de intercâmbio internacional Ciências Sem Fronteiras.
- 2014: Enem bate o recorde de inscritos com 8,7 milhões de candidatos. Exame passa a permitir o uso do nome social na inscrição de transgêneros, travestis e pessoas não binárias.
- 2015: MEC proíbe quem faltou nos dois dias de prova a obter isenção de taxa no ano seguinte. Média do Enem passa a ser usada como critério para obter bolsas do Fies.
- 2017: Enem passa a ser aplicado em dois domingos consecutivos. Certificação do ensino médio passa a ser conferida ao exame Encceja.
- 2018: Segundo dia de provas ganha 30 minutos a mais de duração.
- 2020: Com a pandemia, Enem bate recorde de abstenção: 55,5% dos inscritos não aparecem para fazer as provas. Governo institui o Enem Digital, mas a adesão é baixa.
- 2021: Enem tem o menor número de inscritos desde que passou a servir de seleção para as universidades: 3,1 milhões, sendo que quase 30% não comperecem para fazer as provas.
- 2023: Diante dos altos custos e da baixa adesão, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão ligado ao Ministério da Educação (MEC), decide acabar com o Enem Digital.
Inscritos e abstenções
Fase dos primórdios do Enem
- 1998: 157.221
- 1999: 346.819
- 2000: 390.180
- 2001: 1.624.131
- 2002: 1.829.170
- 2003: 1.882.393
- 2004: 1.552.316
- 2005: 3.004.491
- 2006: 3.731.925
- 2007: 3.568.592
- 2008: 4.018.070
Fase do Enem como ‘vestibular’
- 2009: 4.148.721 – (37,7% de abstenção)
- 2010: 4.626.094 – (28,8% de abstenção)
- 2011: 5.380.857 – (26,4% de abstenção)
- 2012: 5.814.644 – (27,9% de abstenção)
- 2013: 7.173.574 – (29,7% de abstenção)
- 2014: 8.721.946 – (28,9% de abstenção)
- 2015: 7.746.436 – (27,6% de abstenção)
- 2016: 8.356.215 – (30,0% de abstenção)
- 2017: 6.731.300 – (30,2% de abstenção)
- 2018: 5.513.712 – (24,9% de abstenção)
- 2019: 5.095.388 – (27,1% de abstenção)
- 2020: 5.783.483 – (55,3% de abstenção)
- 2021: 3.109.800 – (29,9% de abstenção)
- 2022: 3.396.632 – (32,4% de abstenção)
Fonte: Inep/MEC
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