Nas últimas semanas, o setor de avicultura no Brasil entrou em alerta máximo devido aos casos de gripe aviária de alta patogenicidade (ou Influenza Aviária, H5N1) confirmados nos países vizinhos, como a Bolívia, Uruguai e a Argentina.
A doença, que já levou à morte, desde o ano passado, mais de 150 milhões de aves, é de alto risco, letal para aves (domésticas e selvagens) e pelo menos uma pessoa já morreu, no Camboja.
Como o Brasil é um dos maiores produtores e exportadores de frangos do mundo, com 35% do mercado mundial, a atenção deve ser redobrada.
De acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), os casos de gripe aviária ocorridos nos países do Hemisfério Norte, em 2022 já foram suficientes para que as autoridades sanitárias brasileiras redobrassem os cuidados.
As visitas a granjas comerciais no Brasil, por exemplo, foram suspensas em novembro. Ricardo Santin, diretor-executivo da ABPA explicou que essa foi uma medida preventiva, já que o vírus pode circular com os visitantes ou aves migratórias e chegar até plantéis comerciais.
Até hoje, nenhum caso de gripe aviária foi confirmado no Brasil. Em janeiro, duas aves apresentaram sintomas da doença, no Rio Grande do Sul e no Amazonas, mas após a análise de amostras, realizada no laboratório de referência para a doença LFDA/SP, em Campinas (SP), a doença foi descartada.
O secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), Carlos Goulart, informou que o risco mais alto e agudo da entrada da doença no país acontece entre os meses de abril e maio, pois o risco é relacionado à migração das aves.
“Estamos passando pela fase aguda de risco de ocorrência, até elas voltarem à sua migração natural que ocorre todos os anos para o hemisfério norte”, disse.
O que é a gripe aviária ou H5N1?
A gripe aviária é uma doença de aves domésticas e silvestres, causada pelo vírus de influenza A (IAV) altamente patogênico.
O vírus Influenza A pode infectar aves e mamíferos, incluindo humanos, e é transmitido de forma eficaz através de aerossóis respiratórios, fezes e fluídos corporais, diretamente (proximidade hospedeiro-hospedeiro) ou indiretamente (água ou objetos contaminados).
Qual é a origem da gripe aviária?
A doença foi diagnosticada pela primeira vez na Itália em 1878, como Praga Aviária. Em 1955 o vírus foi identificado como influenza A aviário.
A ocorrência da gripe aviária em humanos, causada pelos vírus H5N1, foi relatada pela primeira vez em 1997, em Hong Kong. Em fevereiro de 2023, uma menina de 11 anos morreu no Camboja.
Quais são os sintomas da gripe aviária?
Nas aves domésticas, a doença é caracterizada por:
- Alta mortalidade
- Problemas respiratórios como tosses, espirros, muco nas narinas
- Hemorragias nas partes desprovidas de penas e mucosas.
- Sinais clínicos nervosos como o andar cambaleante das aves
- Queda de produção de ovos.
Há casos de gripe aviária no Brasil em 2023?
Não, o Brasil não teve nenhum caso de gripe aviária notificado. Veja mais no vídeo acima.
Duas aves que apresentaram sintomas da doença tiveram amostras enviadas para análise que comprovou que não se tratava da doença H5N1.
Podemos ter uma pandemia de H5N1?
De acordo com relatórios da OMS, os vírus de influenza aviária A(H5N1) e A(H7N9) permanecem como os dois vírus de influenza com potencial pandêmico, uma vez que continuam a circular amplamente em populações de aves domésticas e para os quais os humanos não terão imunidade protetora.
A OMS já vem trabalhando na definição de quais vírus H7N9 poderão compor uma vacina humana em caso de uma pandemia.
Como o Brasil está prevenindo a gripe aviária?
A estratégia está definida por Portaria Ministerial sobre Diagnóstico e Controle de Influenza Aviária e Doença de Newcastle, do Ministério da Agricultura e Pecuária, prevendo todas as ações que devem ser tomadas pelos órgãos oficiais para conter focos da doença.
A portaria define perímetros de contenção de focos, testes de diagnóstico a serem realizados, procedimentos de descarte de aves, de comercialização, abate etc.
O Mapa estabeleceu um Plano de Contingência, mantém programas de treinamento de técnicos da defesa sanitária animal sobre o diagnóstico da doença, procedimentos de controle e treinamentos de simulação de surtos.
Os Serviços de Defesa Sanitária Animal, no âmbito federal e estadual, são responsáveis pela vigilância de fronteiras, portos, aeroportos e pelo recebimento de notificações de suspeitas.
Apenas os Serviços Oficiais podem atuar na identificação e controle oficial de suspeitas de influenza.
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