O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) oficializou nesta quarta-feira (13) um pacote de socorro às empresas brasileiras impactadas pelas novas tarifas impostas pelos Estados Unidos. Durante cerimônia no Palácio do Planalto, Lula assinou uma Medida Provisória que libera uma linha de crédito de R$ 30 bilhões, com recursos do superávit do Fundo Garantidor de Exportações (FGE).
Segundo o governo, a medida visa preservar empregos e dar fôlego aos setores atingidos pela sobretaxa. Para acessar o financiamento, as empresas precisarão manter o número atual de trabalhadores. A fiscalização caberá à nova Câmara Nacional de Acompanhamento do Emprego, a ser instalada pelo Ministério do Trabalho, com atuação tanto nacional quanto regional.
“Todo mundo sabe que a gente não quer brigar com ninguém… mas a gente não merecia isso”, disse Lula, em referência à decisão do governo dos EUA. Para ele, a medida norte-americana não tem base comercial e representa uma ameaça ao multilateralismo.
O tarifaço, anunciado pelo presidente Donald Trump, afeta cerca de 55% da pauta de exportação brasileira para os EUA, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). Cerca de 700 produtos foram isentados, mas a medida ainda atinge setores estratégicos da indústria nacional.
O plano de contingência, que já vinha sendo desenhado desde o anúncio das tarifas, foi coordenado pelo vice-presidente e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin (PSB). De acordo com o governo, foram realizados mais de 100 encontros com empresários e representantes dos setores afetados.
Durante a cerimônia, autoridades do governo usaram um tom mais duro ao criticar a postura dos EUA. A ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, classificou a medida como uma “chantagem”, enquanto Alckmin destacou o desequilíbrio comercial entre os países.
“Dos dez produtos que os Estados Unidos mais exportam para o Brasil, oito entram com tarifa zero. Isso mostra a injustiça dessa medida”, afirmou o vice-presidente.
O evento reuniu ministros, empresários e lideranças políticas, e marca o início de um novo esforço do governo para proteger a indústria nacional e evitar demissões em massa diante da mudança no cenário internacional.