O Partido Socialista Brasileiro (PSB) formalizou nesta sexta-feira (7), em São Paulo, a indicação do ex-governador Geraldo Alckmin como candidato do partido à vice-presidente na chapa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para as eleições deste ano à Presidência da República.
Uma carta assinada pelo presidente do PSB (leia íntegra), Carlos Siqueira, destaca que “o que estará em questão nas eleições de 2022 é o confronto decisivo entre a democracia e autoritarismo”.
Quadro histórico do PSDB, Alckmin deixou a sigla no fim do ano passado para se filiar, em março, ao PSB. Ex-adversários, da polarização histórica entre PSDB e PT, o petista Lula e o ex-tucano Alckmin pretendem demonstrar com a chapa que ideias diversas podem coexistir em um eventual governo.
Lula disse que a polarização ultrapassou limites no ano em que o Brasil completa 200 anos de independência. “Era uma polarização civilizada, em que as pessoas se respeitam as pessoas se tratavam como humanos. Hoje não temos isso no Brasil. Hoje temos uma política de ódio, pré-estabelecida, onde o adversário não é adversário, é inimigo. O adversário não é para ser vencido, é para ser abatido”, criticou Lula.
“Importante saber que essa chapa aqui, se ela for formalizada, não é só para disputar as eleições. Talvez ganhar as eleições seja mais fácil do que a tarefa que nós teremos pela frente de recuperar esse país. Vamos conversar com toda a sociedade brasileira, com os empresários, com os trabalhadores desse país”, completou o petista.
Anunciado pela presidente do PT, Gleisi Hoffmann, – que tirou risos da plateia ao dizer “com a palavra, o companheiro Geraldo Alckmin” – o ex-tucano agradeceu ao PSB, a Lula e ao PT.
“A honra da indicação do nosso nome ao PT e a Lula”, disse.
Alckmin completou afirmando que o “momento é de união, para reconstrução do País”. “Para redemocratizar o Brasil, vamos contra um governo que atenta contra a democracia e atenta contra as instituições, disse Alckmin em discurso.
“Agradeço a confiança e a honra na indicação do meu nome ao PT e ao presidente Lula para a possibilidade de compormos uma chapa para trabalhar pelo país. Aqui foi bem explicitado o momento grave que nós estamos vivendo. Na realidade, não é hora de egoísmo: é hora de generosidade, grandeza política, desprendimento e união. Política não é uma arte solitária. A força da política é centrípeta e nós vamos somar esforços aí para a reconstrução do nosso país”, completou.
A pré-candidatura deve ser anunciada oficialmente em maio. Lula lidera as pesquisas de intenção de voto em todas as pesquisas registradas no Tribunal Superior Eleitoral neste ano.
Além do PSB, a candidatura deve contar com o apoio do PCdoB, PSOL, Solidariedade e PV. Lula e Alcmin devem participar de primeiro evento público em 1º de maio, em São Paulo, no Dia do Trabalhador, com a presença de centrais sindicais.
“Esperança”
Alckmin se filiou no dia 23 de março ao PSB após passar mais de 30 anos no PSDB, com a perspectiva de ser candidato a vice do ex-presidente Lula e afirmou que o petista representa a “esperança”.
“Temos que ter os olhos abertos para enxergar, a humildade para entender que ele [Lula] é hoje o que melhor reflete e interpreta o sentimento de esperança do povo brasileiro. Aliás, ele representa a própria democracia porque ele é fruto da democracia”, disse o ex-tucano.
Fundador do PSDB e ex-governador de São Paulo por quatro mandatos, Alckmin deixou o partido em dezembro de 2021, depois de 33 anos, e filiou-se ao PSB, já na perspectiva de ser vice de Lula na disputa presidencial.