Nordeste e Centro-Oeste devem o crescimento da economia este ano. Trabalho recém-finalizada pela Tendências Consultoria mostra que o PIB da região central do país pode avançar 2,3% em 2023, enquanto a economia nordestina deve crescer 2,4%. A estimativa para a média nacional é de 1,9%.
Segundo a consultoria as regiões serão puxadas por agropecuária e indústria – com destaques para a retomada da produção de alumínio no Maranhão, parada desde 2015 -, além da boa evolução do turismo. O economista Lucas Assis, da Tendências, afirma que o Centro Oeste segue beneficiado por soja, cana, biocombustíveis e carnes.
Segundo as estimativas da consultoria, o terceiro maior avanço neste ano será do Sul, com crescimento de 2,2%. Além da recuperação de grãos, a produção avícola na região também se destaca.
O PIB do Norte deve crescer 2,1% até dezembro, com forte crescimento do abate de bovinos. Contudo, os resultados mais fracos da indústria extrativa no Pará explicam o desempenho ligeiramente acima da média nacional, segundo a projeção.
O Sudeste é a única região para a qual se espera avanço menor do que a média do país – de 1,7%. “A região é altamente industrializada e o setor deve apresentar um desempenho relativamente menor em 2023”, diz Assis. Há, ainda no cenário, uma série de desafios ligados à demanda interna por bens industriais.
Para o longo prazo, a expectativa da Tendências é de avanço mais forte no Nordeste – com crescimento anual médio do PIB regional estimado de 2,7% entre 2024 e 2032 -, seguido por Centro Oeste e Norte, com 2,5% cada, contra a média nacional de 2%.
No Nordeste deve haver ganho a partir da evolução de negócios em gás natural e petróleo, além de produção de energia eólica. Em infraestrutura entram na conta concessão de aeroportos, evolução da ferrovia de integração Oeste-Leste, e distribuidoras de energia e empresas de saneamento.
“O turismo, setor que também gera bastante empregos locais, deve ser estimulado nos próximos anos sobretudo pela desvalorização do real frente ao dólar”, diz. “As transferências governamentais devem continuar em patamar elevado, garantindo consumo de bens e serviços das famílias”.
O Centro Oeste seguirá beneficiado pelo avanço na agropecuária. As projeções são “muito positivas” para soja e milho, diz Assis, commodities de maior peso na produção agropecuária local. “Isso consideradas as premissas de normalidade climática e de boa remuneração dos produtores”, afirma.
“As projeções são positivas para o Centro Oeste ainda que tenham fatores que possam limitar o crescimento do PIB regional”, afirma. Ele cita a “ligeira desvalorização” do real, que pode encarecer custos de produção, e o impacto para a renda das famílias da projeção para a inflação.
Em contrapartida, Sudeste e Sul devem crescer relativamente abaixo da média nacional até 2032, com avanços de 1,8% e 1,6%, nessa ordem. O desempenho de indústrias “pouco dinâmicas” pesam na conta, embora o setor automotivo tenha espaço para avançar.
Apesar dos avanços individuais de cada região, a maior participação em valor absoluto no PIB do país é do Sudeste, com 51,9% do total, conforme dado de 2020, diz o economista. Em seguida estão Sul (17,2%), Nordeste (14,2%), Centro Oeste (10,4%) e Norte (6,3%).
Valor Econômico