O governo do Equador determina estado de “conflito armado interno” diante da escalada da violência nos últimos dias como consequência da fuga da prisão de um dos bandidos mais perigosos do país. O presidente Daniel Noboa assinou um decreto nesta terça-feira (9) reconhecendo a gravidade do cenário. O texto prevê que as Forças Armadas possam intervir em todo o território nacional.
A providência adotada pelo governo reconhece 22 facções criminosas como organizações terroristas e, com isso, prevê punições mais graves e medidas mais enérgicas contra elas. O decreto também prevê uma atuação das Forças Armadas em operações para neutralizar a ação das quadrilhas. A norma também estabelece um toque de recolher das 23h às 5h em todo o Equador.
Mais cedo, uma quadrilha invadiu uma emissora de TV do país e fez reféns um grupo de jornalistas e outros funcionários da empresa de comunicação. As imagens circularam pelas redes sociais e ganharam repercussão internacional. Eles entraram no estúdio com a programação ao vivo e as câmeras registraram o momento em que homens encapuzados e fortemente armados rendem os trabalhadores e tomam conta do espaço. Ao menos 13 pessoas foram presas.
Na segunda-feira (8), o presidente Daniel Noboa já havia decretado estado de exceção no país diante da escalada de violência após a fuga da prisão do chefe de uma das facções criminosas. O criminoso conhecido como Fito, apontado como o comandante do grupo Los Choneros, conseguiu escapar de uma cadeia. O estado de exceção tem duração inicial de 60 dias, podendo ser estendido.
Na terça, foi a vez de mais um chefe de quadrilha fugir da prisão, dessa vez o comandante do grupo Los Lobos, especializado em tráfico de drogas e na atuação com assassinatos de aluguel. Fabrício Colón Pico conseguiu escapar em meio a uma fuga em massa do presídio de Riobamba, na região central do país.
Daniel Noboa é o presidente mais jovem da história do Equador e tem 36 anos. Ele foi eleito em outubro com a promessa de enfrentar com rigor facções de traficantes, que com frequência são associadas a cartéis do México e da Colômbia. Em um vídeo publicado nas redes sociais, o presidente afirmou que não vai negociar com terroristas e que não vai descansar enquanto não devolver à paz ao país.
O Equador fica localizado entre os dois maiores produtores do mundo de cocaína, a Colômbia e o Peru, e tem enfrentado um aumento de casos de tráfico de drogas. Nos últimos três anos, foram registrados quase 500 mortos em confrontos dentro das cadeias do país. Os homicídios fora das prisões também dispararam nos últimos cinco anos, o que fez crescer a sensação de insegurança e, por consequência, a insatisfação da população com o governo na condução da política de segurança pública.
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