“Quando você está com o nome sujo, restrito, você se sente incompleto. É choro, preocupação, tristeza”. O relato é da auxiliar de serviços gerais Jucicleide Amaral, de Planaltina, em Goiás. Ela tinha um cartão de crédito e honrava as prestações com o trabalho como diarista. Durante a pandemia da Covid-19, perdeu oportunidades de trabalho e a dívida se acumulou. As prestações viraram bola de neve e ela passou a pagar só os juros. A dívida chegou a R$ 1.000.
Jucicleide e outros 12 milhões de brasileiros iniciaram 2024 com um horizonte mais arejado após negociarem os débitos com os descontos expressivos do programa Desenrola Brasil, do Governo Federal. Segundo a atualização de 18 de fevereiro do Ministério da Fazenda, 17 milhões de dívidas foram “desnegativadas”, quitadas ou equacionadas no período. O valor total renegociado supera R$ 35,6 bilhões.
“Por mais que, para alguns, mil reais não seja muita coisa, um pai e uma mãe jamais vão tirar um valor desse para limpar o nome e deixar o filho passar fome”, afirmou Jucicleide. Com o Desenrola, houve a possibilidade de acordo para saldar a dívida por R$ 109, quase 90% de desconto. “Hoje, sou a pessoa mais feliz, com o nome limpo. Eu me sinto uma cidadã completa”, disse ela, que agora já se organiza para reformar a casa onde mora com os quatro filhos.
ESTADOS
São Paulo é a Unidade da Federação com mais negociações registradas na Faixa 1. Entre outubro passado e 18 de fevereiro deste ano, o valor negociado no estado supera R$ 305 milhões (antes dos descontos do Desenrola, eram R$ 2,3 bilhões). As negociações movimentaram 900 mil contratos e beneficiaram 400 mil pessoas.
O Rio de Janeiro é a segunda Unidade da Federação com mais negociações formalizadas na Faixa 1. O valor negociado no estado supera R$ 125 milhões (era R$ 1 bilhão antes dos descontos), com 408 mil contratos e 181 mil pessoas que reorganizaram os débitos. Na sequência aparece Minas Gerais, com 135 mil pessoas beneficiadas e R$ 111 milhões negociados (eram R$ 781 milhões).
MUNICÍPIOS
Trinta municípios, de 20 Unidades Federativas, respondem por 38% das negociações na Faixa 1, o que corresponde a R$ 468 milhões. A capital São Paulo apresentou o maior volume negociado, R$ 100 milhões, e 130 mil pessoas. Em seguida aparecem Rio de Janeiro (R$ 52 milhões e 73 mil pessoas), Brasília (R$ 31 milhões e 39 mil pessoas), Manaus (R$ 28 milhões e 30 mil pessoas) e Fortaleza (R$ 24 milhões e 34 mil pessoas).
Salvador, Belo Horizonte, Campo Grande, Curitiba, Recife, Belém, Guarulhos, Goiânia, Porto Velho, Porto Alegre, Cuiabá, João Pessoa, Teresina, Nova Iguaçu, Duque de Caxias, São Luís, Uberlândia, Campinas, São Gonçalo, Osasco, Maceió, Natal, São Bernardo do Campo, Contagem e Feira de Santana completam a lista dos municípios com mais negociações. Nessas 30 cidades, as negociações beneficiaram 614 mil pessoas.