Laura Freire é aluna do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial do Rio Grande do Norte (Senai-RN). Apaixonada desde muito cedo pelas artes, ela conta que a moda se tornou uma grande fuga durante o período da pandemia. Encantada pela área, ela resolveu se matricular no curso Técnico em Design de Moda do Senai-RN. Estudante dedicada, ela se prepara para competir na etapa nacional da Olimpíada do Conhecimento em 2025, na modalidade Tecnologia da Moda.
“Eu estou muito animada. Acho que é uma experiência ímpar. Está sendo um ensino complementar ao curso e está fazendo com que meu conhecimento sobre o mercado da moda e como o fazer moda seja cada vez mais rico.”, ressalta.
Laura diz que, no futuro, pretende colaborar com diferentes marcas do Rio Grande do Norte. Ao mostrar um modelo de peça produzido para a empresa Guararapes, ela destaca as tendências trazidas no produto. A estudante fala que a costura é um dos segmentos que mais a encanta e que adora trabalhar em equipe.
“Eu acho que tenho muito a somar pelo que o outro já conseguiu erguer e eu posso fazer acontecer ainda mais. Acredito no coletivo e acho que juntos somos mais fortes.”,finaliza.
Laura é aluna de Jéssica Cerejeira, estilista e instrutora do Senai Moda. Jéssica reconhece que o mercado da moda potiguar está expandindo de uns anos para cá, principalmente com o surgimento de marcas autorais com personalidade.
“Enxergamos o Senai como impulsionador dessas marcas e damos suporte ao empreendedor”, averba.
CAPACITAÇÃO RECONHECIDA
Neta de duas avós costureiras, Lorena Castro é dona de seu próprio ateliê. Desde 2023 é aluna do curso de Modelagem no Senai-RN, pois buscou a instituição para realizar a capacitação. Ela trabalha com peças sob medida e ajustes direcionadas ao público feminino.
“Meu diferencial é o acabamento. Eu trabalho com peças únicas para cada cliente, porque cada corpo é um corpo. E meu trabalho é sobre traduzir o que a cliente quer para o corpo dela.”, considera.
Com a expectativa de expandir o ateliê, Lorena revela um sonho: a criação de sua própria marca autoral. Para ela, essa marca não será apenas um rótulo, mas uma extensão de sua essência, trazendo sempre muita personalidade, história e autenticidade.
“O Senai já me abriu muitas oportunidades como o meu trabalho. O curso foi além das minhas expectativas, são 400 horas de modelagem e eu estou saindo sabendo muito mais do que eu esperava.”, finaliza.
O FAZER MODA
Dinédson Fonseca, consultor e instrutor do Senai Moda, conta que a maioria dos alunos quando chegam no Senai, têm a fantasia e a glamourização da moda do “ser estilista”. De acordo com ele, é no Senai que os alunos percebem que a moda vai para além do “desenhar roupas”.
Segundo o instrutor, no Senai há um leque muito maior do trabalho com moda e o aluno tem contato com diversos segmentos como produção, styling, fotografia de moda, ilustração, fichas técnicas, precificação, costura, modelagem, comunicação, jornalismo de moda, entre outros.
“Cada aluno é uma história, cada aluno é um universo e com esse contato a gente percebe os esforços que cada aluno faz para estar aqui. São inúmeros os desafios que eles passam para permanecer aqui. Tudo isso em busca de um sonho. Isso nos incentiva e nos ensina que podemos estar cada vez mais melhorando e tentando fazer da moda algo maior.”, frisa Dinédson.
Para o instrutor, o Senai se destaca por sempre pensar em como trazer a identidade regional para os desfiles, para as aulas, e em englobar nas disciplinas dos cursos os saberes para moda regional, natalense e potiguar. Transformando, consequentemente, o estado do Rio Grande do Norte em um polo cada vez mais forte na moda.
MODA GENUINAMENTE POTIGUAR
A supervisora pedagógica do Senai, Geiza Revorêdo, explica que os cursos de moda e vestuário surgiram há mais de 15 anos a partir da necessidade da qualificação profissional no mercado.
“Nós temos muitas empresas aqui no Rio Grande do Norte que fazem a empregabilidade desses alunos do Senai. O diferencial do Senai é a formação prática. Nós temos os conteúdos com conceitos, mas a prática com a mão na massa é primordial. Eu acredito que a moda autoral, cada vez mais presente nos cursos técnicos e nos cursos de pouca duração. Então, os alunos estão tendo essa oportunidade e essa visibilidade do mercado para ter sua moda autoral.”
DALI: COSTURANDO UMA MARCA
Durante dez anos, Daliana Ramalho trabalhou como lojista em Natal e fechou sua loja durante a pandemia. Ela conta que para voltar ao mercado teve que se especializar em Moda e recorreu ao Senai para fazer a capacitação.
“Mesmo durante dez anos vendendo roupas, eu nunca tinha participado do processo produtivo. Então, foi só depois que eu entrei no curso de Design de Moda que eu vim entender todo o processo de produção por trás de uma roupa pronta.”, detalha.
E foi no final do curso que nasceu a marca Dali, uma empresa genuinamente potiguar, que valoriza a moda potiguar e a cultura nordestina. De acordo com a criadora, foi graças aos instrutores e à grade curricular do Senai que essa marca existe.
“A minha marca nasceu no decorrer do curso. E quando eu terminei o curso a gente fez o lançamento da marca. Ela é uma marca genuinamente potiguar e nós trabalhamos com estamparia. Temos o DNA nordestino, de contar histórias através do Rio Grande do Norte.”, afirma.
Ela diz que só foi aprender o processo de desenvolvimento de coleção no curso de Design de Moda e a quantidade de etapas que existiam por trás de uma peça pronta. Por meio do contato com pessoas da área de moda e do networking, ela conseguiu estabelecer metas e conhecer projetos para fazer projeção da marca, inclusive a nível nacional. Atualmente, ela participa de projetos nacionais e espera um crescimento cada vez maior do mercado local.
“Eu espero muita valorização e crescimento da moda autoral. Eu sou uma defensora real da moda potiguar e eu estou apostando todas as minhas expectativas nisso.” , diz convicta.
A estilista e instrutora Jéssica Cerejeira diz que o mercado nacional e internacional tem enxergado com bons olhos as marcas autorais potiguares.
“A gente percebe que as marcas autorais têm um diferencial no olhar, no fazer a história, no mostrar a história do que temos de identidade. De, realmente, investigar histórias que estão escondidas e que as marcas acabam dando luz por meio de uma coleção para histórias do nosso povo.”, reconhece.
PRÁTICA NA TEORIA
No Senai, além de uma prática que se destaca, a formação teórica também surpreende. Caio Delfino é bibliotecário do Senai e conta que o acervo de moda no Senai pode ser classificado em duas vertentes.
“Uma, de moda enquanto sociedade e aspecto cultural, comunicação e expressão dos indivíduos. E outra, que é a base tecnológica, que os alunos podem aprender do desenho até a confecção de peças de vestuário. Então, é um acervo diversificado que vai atender você a entender sobre moda mesmo. Não só num aspecto mais prático, mas num aspecto teórico também.”, explica.
Na biblioteca do Senai existe também a coleção digital, que ajuda no suporte de pesquisa tanto de normas técnicas, quanto de livros técnicos. Há também um banco de tendências que ajuda os alunos no processo de pesquisa e desenvolvimento de suas coleções. O bibliotecário destaca que os alunos dos cursos de moda são os que mais frequentam o espaço.
“Podemos dizer que os alunos de moda são bons frequentadores da biblioteca. Quando se fala de usuário aqui no nosso contexto são os alunos de moda, inclusive, que procuram por maiores novidades. Eles já conhecem o acervo e estão sempre procurando garimpar algo novo. Estão sempre procurando novidades e a gente busca trazer essa informação atualizada para eles.”, conta.
PERSPECTIVAS E MODA DO FUTURO
Dados de 2022 do MAIS RN, mostraram que o setor têxtil e de confecções representavam 4,5% do Produto Interno Bruto (PIB) do RN. Nesse cenário de expansão, a indústria potiguar busca impulsionar seu crescimento por meio de educação profissional de qualidade.
“A gente procura sempre se alinhar com as ferramentas e tecnologias que o mercado pede e exige dos alunos. Estamos sempre olhando para o que as marcas estão usando de softwares e tecnologias para trazer isso para nossa instituição”, diz a instrutora do Senai, Jéssica Cerejeira.
Instrutores, alunos e ex-alunos do Senai reverberam que a moda autoral do Rio Grande do Norte estampa a expressão viva de um povo único, onde tradição e inovação costuram o futuro. No encontro de desenhos, ideias e cores, a moda local pulsa autenticidade, colocando a indústria potiguar no mapa da genuinidade.