O Rio Grande do Norte registrou um aumento expressivo nos casos de coqueluche neste ano. Dados da Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap) apontam que, entre janeiro e 15 de outubro de 2025, foram contabilizadas 72 notificações da doença, com 21 confirmações, 14 ainda sob investigação e 29 descartadas. No mesmo período de 2024, haviam sido notificadas 25 ocorrências, sendo 12 confirmadas — um crescimento superior a 150%.
A elevação preocupa as autoridades sanitárias, já que a coqueluche é uma infecção respiratória altamente contagiosa e que pode ser prevenida por meio da vacinação. A doença é especialmente perigosa para bebês e crianças pequenas.
O aumento no estado acompanha uma tendência nacional. De acordo com o Observatório de Saúde na Infância, o número de casos em crianças menores de cinco anos cresceu mais de 1.200% no Brasil. Somente em 2024, foram 2.152 registros — mais do que o total somado dos cinco anos anteriores. Entre essas ocorrências, 665 crianças precisaram de internação e 14 morreram em decorrência da doença, número já superior ao registrado entre 2019 e 2023.
Levantamento da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) indica que mais da metade dos casos confirmados no país atingiram crianças com menos de um ano, grupo que também responde por 80% das internações. Especialistas atribuem o avanço da coqueluche à retomada dos ciclos naturais da doença após a pandemia, à desorganização dos serviços de saúde e à desigualdade na cobertura vacinal entre os municípios.
Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 90% dos bebês e 86% das gestantes receberam as vacinas que protegem contra a coqueluche em 2024 — índices considerados positivos, mas ainda abaixo da meta ideal de 95% de cobertura.
A tendência de crescimento também se repete em outros países das Américas. Dados da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) mostram que, nos primeiros sete meses de 2025, nove países da região notificaram mais de 18 mil casos e 128 mortes causadas pela doença.
A coqueluche é provocada pela bactéria Bordetella pertussis e causa tosse persistente, febre e dificuldade para respirar. A imunização é feita com a vacina pentavalente, aplicada aos 2, 4 e 6 meses de idade, e com a DTPa para gestantes em todas as gestações.
Com o avanço das notificações, especialistas reforçam que manter a vacinação em dia é a principal forma de proteger os bebês — tanto por meio da imunização infantil quanto da vacinação materna.




















