O último final de semana foi marcado pela viagem inaugural do maior navio de cruzeiro do mundo, o Icon of the Seas, que zarpou de Miami, nos Estados Unidos. Tudo nele é superlativo: tem 365 metros de comprimento e 70 metros de altura — o que o torna cinco vezes maior que o Titanic —; pode transportar 7.600 passageiros e mais 2.000 tripulantes; comporta o maior parque aquático flutuante do planeta (são sete piscinas, a maior com 540 metros quadrados) e conta com mais de 10.000 cabines.
Este ícone dos mares também tem algumas credenciais ecológicas, como motores movidos a gás natural liquefeito (GNL) – além do diesel marítimo –, utilização do calor dos propulsores para aquecer água e capacidade de se conectar ao fornecimento de eletricidade nos portos.
Essas características, segundo a administradora Royal Caribbean, o tornam o “navio mais sustentável (da sua frota) até o momento”. A empresa afirma ainda que o veículo é 24% mais eficiente, no que diz respeito às emissões de carbono, do que o exigido pela Organização Marítima Internacional (IMO, na sigla em inglês).
Mas ativistas questionam se uma embarcação tão grande pode mesmo ser ambientalmente correta. Um ponto crítico é que, apesar do GNL queimar de forma mais limpa do que o combustível marítimo tradicional, ele apresenta maiores riscos para as emissões de metano, um potente gás de efeito estufa.
Reportagem da Reuters conta que embarcações como a Icon of the Seas usam motores de baixa pressão e duplo combustível que vazam metano na atmosfera durante a combustão, um processo conhecido como “deslizamento de metano”. Um estudo financiado pelo Conselho Internacional de Transporte Limpo (ICCT, na sigla em inglês) e outros parceiros aponta que esse fenômeno é de 6,4% em média. A IMO aceita um índice de 3,5%.
Bryan Comer, diretor do Programa Marinho do Conselho Internacional de Transporte Limpo (ICCT), um grupo de reflexão sobre política ambiental, relatou à agência de notícias que motores movidos a gás natural liquefeito são um passo na direção errada. “Estimamos que a utilização de GNL como combustível marítimo emite 120% mais emissões de gases de efeito de estufa ao longo do ciclo de vida do que o gasóleo marítimo.”
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